Empoderamento, beleza e capitalismo:
como o neoliberalismo se apropriou de demandas feministas
Resumo
O presente trabalho tem como intuito propor reflexões acerca das teorias e práticas feministas que, ao serem cooptadas pela ideologia capitalista neoliberal, passam por um processo de despolitização, abandonando o caráter político e social do movimento feminista em função de uma identidade individual e subjetiva. Um feminismo acrítico. Com base em pesquisas bibliográficas e dados econômicos sobre a população brasileira, esse trabalho utiliza a interseccionalidade como ferramenta de análise para compreender as estruturas de gênero, raça e classe dentro de um discurso liberal que se apropria deliberadamente do conceito de empoderamento em virtude da obtenção de lucro, do mesmo modo como se propõe a refletir sobre as características imperialistas e que visam à colonização do pensamento para atender a uma agenda patriarcal de supremacia branca. O trabalho é, portanto, uma análise interseccional e decolonial que propõe uma radical ruptura com os preceitos mercadológicos ao reconhecer a necessidade de se reestabelecer a politização e conscientização do movimento feminista.