DISPOSITIVOS INVASIVOS E MORTALIDADE EM PACIENTES COVID-19 EM TERAPIA INTENSIVA: COORTE RETROSPECTIVA
Resumo
Introdução: O curso da infecção pelo SARS-CoV-2 contrasta com um amplo espectro de sintomas, o qual demanda cuidados e intervenções avançadas em unidade de terapia intensiva. Este panorama, quase sempre, culmina com o uso de dispositivos médicos invasivos que, apesar da necessidade clínica, atua como preditor do surgimento de complicações, especialmente infecções relacionadas a dispositivos invasivos. Pacientes COVID-19 inseridos em UTI apresentam uma intensa resposta inflamatória, facilitando a ocorrência e evolução de complicações infecciosas, impulsionando, inclusive, o aumento da incidência de microrganismos multirresistentes. Destarte, a permanência de dispositivos médicos invasivos pode ser um preditor de gravidade, tempo prolongado de internação e óbito. Objetivo: Avaliar o tempo de permanência e o risco de mortalidade de pacientes COVID-19 em uso de dispositivos médicos invasivos internados em terapia intensiva. Metodologia: Estudo de abordagem quantitativa, longitudinal, do tipo coorte retrospectiva, com informações de 257 prontuários de pacientes adultos internados em terapia intensiva no período de 2020 à 2021 em um hospital universitário. A coleta de dados foi realizada em 2022 por meio de um instrumento de coleta e os dados foram tabulados no Excel 2010 com análise estatística feita através do programa Statistical Package for the Social Sciences versão 20.0. Resultados: Houve alto tempo de permanência de dispositivos invasivos em pacientes COVID-19 durante a internação em terapia intensiva, com destaque para cateter venoso central (CVC) e cateter nasoenteral (CNE), sendo que este mesmo grupo permaneceu maior tempo em utilização de tubo orotraqueal (TOT) (p:0,01). O uso de dispositivos invasivos no 7° dia de internação aumentou e esteve fortemente associado ao risco de óbito nos pacientes COVID-19 (p:0,00). Conclusão: Os pacientes COVID-19 utilizaram mais dispositivos médicos hospitalares, sendo os principais TOT, CVC, CNE e cateter vesical de demora (CVD), com maior tempo de permanência e risco de óbito associado em comparação aos pacientes não COVID-19. As taxas de ventilação mecânica (VM) e uso de oxigenoterapia também foram mais elevadas no grupo de pacientes COVID-19. Os resultados ressaltam que se faz necessário aplicar técnicas e estratégias eficazes nos cuidados e tratamentos substitutos a fim de reduzir infecções relacionadas a dispositivos e, consequentemente, internações prolongadas e o risco de óbito nos pacientes COVID-19