A COMPREENSÃO DOS ENFERMEIROS FRENTE AO ATENDIMENTO À MULHER NÃO HETEROSSEXUAL
Resumo
Introdução: No que tange a população de lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexos (LGBTI), é necessário ter ciência da heterogeneidade que compõe esse grupo, bem como, levar em consideração toda a subjetividade que a sexualidade, expressão de gênero e do sexo biológico carregam. Estudos abordam a efetivação da Política Nacional de Atenção Integral a Saúde LGBT e a dificuldade observada no atendimento as demandas dessa população. As mulheres não heterossexuais (lésbicas, bissexuais e transexuais) vivenciam no acesso ao serviço de saúde diversos obstáculos: a presunção da heterossexualidade e o tratamento diferenciado diante da afirmação da homo/bissexualidade, acompanhado por constrangimentos, preconceitos e despreparo profissional. Objetivo: Identificar os cuidados realizados pelos enfermeiros da atenção básica a pacientes lésbicas, bissexuais e transexuais e analisar a compreensão destes profissionais quanto a sua capacitação para o atendimento deste público. Métodos: Estudo descritivo, transversal e qualitativo realizado com 14 enfermeiros atuantes na atenção primária do município de Londrina – Paraná. A coleta de dados ocorreu no período entre abril e agosto de 2022 por meio de questionário estruturado após autorização da Autarquia Municipal de Saúde da Prefeitura de Londrina – PR e do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Estadual de Londrina sob o parecer número 5.271.967 e CAAE 54978122.7.000.5231. Para análise dos dados utilizou-se a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) fundamentada na teoria da Representação Social. Resultados: Os profissionais relataram que nas consultas relacionadas à aspectos de sexualidade abordam principalmente a preferência de gênero e a vida sexual. O uso do roteiro para conduzir as consultas têm influência em seu andamento e desfecho. Caso as pacientes comuniquem ser bissexuais, lésbicas ou transexuais, os profissionais afirmaram não haver conduta diferenciada. Muitos profissionais relataram enfrentar obstáculos no atendimento à mulher não heterossexual. Alguns profissionais relataram não ter realizado atendimento ao público em questão, o que evidencia a dificuldade de acesso desta população ao serviço de saúde. Os relatos mostraram que todos os participantes não se sentem preparados para o atendimento à mulher não heterossexual quando baseado em sua formação acadêmica de graduação. Conclusão: Foi possível constatar que as consultas de enfermagem para mulheres não heterossexuais têm sido conduzidas com base em regras heteronormativas, na maior parte das vezes reforçando a invisibilidade deste público e fornecendo atendimentos não resolutivos as queixas principais, reforçando a necessidade de capacitação profissional e políticas públicas de saúde voltadas para esta população, visto que a saúde é direito de todos e dever do estado.