Bactérias gram-negativas multidroga resistentes: prevenção, controle de infecções e perfil de sensibilidade do hospital universitário regional do norte do paraná

  • Marina Moure da Mota
  • Cláudia Maria Dantas de Maio Carrilho
Palavras-chave: Bactérias Gram-Negativas, Farmacorresistência Bacteriana, Gestão de Antimicrobianos

Resumo

Bactérias multidroga resistentes são microrganismos que não apresentam sensibilidade a diferentes classes de antimicrobianos testados em exames microbiológicos (MURRAY, 2014). As infecções por bactérias Gram-negativas multirresistentes são consideradas grande ameaça à saúde humana, por conta de sua alta disseminação e por suas opções terapêuticas limitadas. Tais bactérias podem ser encontradas frequentemente no cenário hospitalar, servindo isso de alerta para a necessidade de prevenção e tratamentos otimizados (TAMMA et al., 2021). Este relato tem como objetivos apresentar dados referentes ao perfil de sensibilidade bacteriana do Hospital Universitário Regional do Norte do Paraná (HURNP) e destacar a atuação de profissionais da saúde na prevenção e contenção da disseminação de patógenos multirresistentes no ambiente hospitalar. Foi realizada análise de dados referentes ao perfil de sensibilidade de bactérias gram-negativas do HURNP de 2021, realizados anualmente pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) através do Sistema Informatizado do HU, campo Gestão de Informações. Entre os microrganismos mais prevalentes nas Infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) estão: Acinetobacter spp. (1497 isolados), Klebsiella pneumoniae (1406 isolados) e Pseudomonas aeruginosa (802 isolados). A sensibilidade aos carbapenêmicos foi de 2%, 30% e 60%, respectivamente, o que caracteriza alta prevalência de extensiva resistência e a sensibilidade às polimixinas foi de 91%, 47%, e 98%, respectivamente, caracterizando também importante pan-resistência no hospital (CCIH, 2021). Uma bactéria é considerada resistente a um antimicrobiano quando é capaz de crescer in vitro em concentrações inibitórias mínimas. A resistência bacteriana compreende um fenômeno genético relacionado à presença de genes contidos no microrganismo, os quais codificam mecanismos que bloqueiam a ação da droga. A resistência pode ser de dois tipos: natural ou adquirida.  A resistência natural consiste na presença dos genes de resistência no genoma da bactéria. Já a resistência adquirida, pode ser considerada quando os genes não estão normalmente no genoma do microrganismo, mas são incorporados a ele por meio de mutações durante o processo reprodutivo, ou pela importação dos genes, por elementos extracromossômicos chamados de plasmídeos (TAVARES, 2014). A partir disso, as bactérias multirresistentes podem ser agrupadas em três grupos: MDR (“Multidrug-resistant”), que são as bactérias não suscetíveis a pelo menos 3 classes de antimicrobianos; XDR (“Extensively drug-resistant”), que são bactérias não suscetíveis a pelo menos um agente em todas as classes, exceto 2 classes de antimicrobianos; e PDR (“Pandrug-resistant”), que são bactérias resistentes a todos os agentes antimicrobianos testados (MILLS; MARCHAIM, 2021). Devido a presença de bactérias gram-negativas multirresistentes em ambientes hospitalares e sua dificuldade de instituição de tratamento, faz-se necessária medidas de prevenção contra sua disseminação, entre as quais estão: a higienização das mãos, utilização de precauções de contato, limpeza do ambiente e controle da administração de antimicrobianos (MILLS; MARCHAIM, 2021). Conhecer o padrão de sensibilidade antimicrobiana de bactérias encontradas em um serviço de saúde permite adotar medidas de prevenção e contenção da disseminação de tais agentes e contribui para melhor abordagem terapêutica dos pacientes.

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Publicado
2023-10-12