Prática da automedicação por crianças de 0 a 11 anos da região metropolitana de Londrina

  • Mariana Weinhardt Nieddermeyer
  • Maria Catarina de Cassia Quirino
  • Luiza Delgado Moura
  • Edmarlon Girotto
Palavras-chave: automedicação, inquéritos epidemiológicos, saúde infantil, uso de medicamentos

Resumo

A automedicação é a seleção e utilização de medicamentos isentos de prescrição pelo indivíduo ou responsável, para tratar doenças autolimitadas ou seus sintomas. É uma prática comum, em especial na população pediátrica, tanto pela dificuldade de acesso a serviços de saúde, como pela praticidade (Silva et al, 2018). Esses medicamentos são obtidos pela compra sem receita médica, compartilhamento de medicamentos com familiares, reutilização de fármacos utilizados previamente ou de receitas antigas, sem que os pais e responsáveis tenham entendimento sobre efeitos adversos e posologia (Beckhauser et al, 2009; Belo, Maio, Gomes, 2017). Isto posto, este estudo objetiva avaliar o recorte referente ao uso de medicamentos sem prescrição médica em crianças de até 11 anos da região metropolitana de Londrina, Paraná. Para tal, desenvolveu-se um estudo transversal, com crianças de até doze anos de idade incompletos residentes em municípios da região de Londrina, Paraná. Coletaram-se os dados via plataforma Google Forms®, com os responsáveis das crianças. Considerou-se automedicação aqueles medicamentos "utilizados por conta própria" ou indicado por "amigo/parente/vizinho". Para a análise, foi utilizado o programa SPSS versão 19. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina (CAAE 54380921.2.0000.523). Observou-se que, dentre as crianças avaliadas (n=597), 42% (n=250) utilizavam medicamentos nos últimos 15 dias. Em adição, 7,4% (n=44) crianças receberam medicamentos por conta própria dos responsáveis ou indicados por amigo/parente/vizinho, ou seja, por automedicação. Considerando apenas as crianças que utilizavam medicamentos, a prevalência de automedicação encontrada foi de 26,9%. Quanto às medicações utilizadas para prática, destacam-se a dipirona (32,8%; n=21), paracetamol (18,2%; n=12), ibuprofeno (15,2%; n=10), maleato de bronfeniramina (9,1%; n=6), e loratadina e simeticona (3,0% cada; n=2). A prevalência de automedicação na população pediátrica encontrada neste estudo corrobora outras pesquisas, que mostram uma prevalência de automedicação pediátrica nos 30 dias anteriores de 24%. Destaca-se que, ao considerar a administração de medicamentos sem prescrição médica ou de outro profissional de saúde em toda a vida da criança, a prática é ainda mais alta, chegando a 63,9% (Lucas et al, 2016). Essa prática ocorre devido ao difícil acesso a unidades de saúde, além da influência da indústria farmacêutica e agências de publicidade, que estimulam o consumo de medicamentos e reforçam seus benefícios, sem considerar


os possíveis efeitos adversos, contribuindo para a desinformação da população (Paim; Muller, 2016). Aponta-se que cerca de metade dos medicamentos são prescritos ou vendidos de forma inadequada, muito por causa da não necessidade de receita médica na sua comercialização, além da falta de fiscalização. A literatura também se correlaciona aos resultados encontrados, uma vez que as medicações mais frequentemente administradas sem prescrição médica os grupos dos antipiréticos, analgésicos e antiinflamatórios não-hormonais, predominando entre eles, com diferentes prevalências nas pesquisas, paracetamol, dipirona e ibuprofeno (Beckhauser et al, 2009; Lucas et al, 2016). Assim, conclui-se que a prática da automedicação na população pediátrica é bastante comum, sendo que aproximadamente um terço dos medicamentos utilizados pelas crianças avaliadas não foram indicadas por profissional médico (Pereira et al, 2007). Portanto, é necessário que sejam realizados mais estudos sobre o tema a fim de garantir melhores estratégias para levar informação de qualidade aos responsáveis pela administração de medicações na infância.

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Publicado
2023-10-12