Imigração, estigma e saúde: reflexões sobre o acesso de haitianos nos serviços de saúde pública
Resumo
O espaço dos deslocamentos não se refere apenas a “um espaço físico, é também um espaço qualificado em muitos sentidos, socialmente, economicamente, politicamente, culturalmente” (SAYAD, 1998, p. 14). É, sobretudo, “refazer a vida neste outro lugar, com os ajustes e acordos individuais e sociais necessários” (WEINTRAUB, 2012, p. 54). Torna-se necessário, portanto, analisar todos os fatores que perpassam o fenômeno migratório e como ele interfere direta e indiretamente na vida dos imigrantes. Dos novos imigrantes que chegaram ao Brasil nos últimos anos, destaca-se a população haitiana. Estima-se que eram de 50 mil haitianos residindo no país até o final de 2015 (ZAMBERLAM et al., 2016). Esta imigração contemporânea para o Brasil tem colocado desafios para os órgãos públicos brasileiros em suas três esferas: federal, estadual e municipal. No entanto, como é nos municípios onde a demanda final da imigração desagua, os desafios encontram-se na saúde, assistência social, trabalho e educação – setores utilizados por direito pelos imigrantes.