A invisibilização do povo caboclo de Santa Catarina
algumas permanências da Guerra do Contestado
Resumo
Santa Catarina nos idos de 1912 foi palco de um dos episódios mais sangrentos da história desse país, a Guerra do Contestado. Os conflitos que duraram por 4 longos anos, deixaram permanências territoriais, econômicas e sociais no estado que podem ser percebidas contemporaneamente, por exemplo, no que neste artigo tratamos como invisibilização dos povos tradicionais, dos caboclos da região. Essa questão foi o ponto chave de nossa tese de doutorado[1] e trataremos aqui como nosso principal objetivo, a invisibilização do caboclo do Contestado a partir da Guerra e também as resistências desse povo diante desses processos de aniquilamento de suas existências e cultura. Esse processo de invisibilização se dá concomitantemente e como resultado do processo de desterritorialização, que percebemos não ter se restringido ao período da guerra, mas também ao pós-guerra e infelizmente ainda está em curso, mudam-se os agentes e as estratégias, mas os atingidos são os mesmos.
[1] Tese de doutorado intitulada: os “escolhidos e os escorraçados", os povos tradicionais e a formação sócio-espacial de Santa Catarina: rompimentos das invisibilidades de caboclos e caboclas do Contestado na serra acima, pescadores e pescadoras do litoral na serra abaixo. Defendida pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA-UEL, 2019.
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Referências
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