As espiritualidades ateístas de André Comte-Sponville e Sam Harris

  • RAFAEL QUINTANILHA USP/Doutorando
Palavras-chave: Antropologia da religião. Ateísmo. Espiritualidade. Sofrimento.

Resumo

À religião tem sido atribuída, seja pelo senso comum ou por uma determinada tradição acadêmica, a tarefa de fornecer subsídios existenciais para que as pessoas lidem com as mazelas do mundo. Apenas ela seria capaz de organizar as experiências cotidianas individuais numa grande narrativa capaz de justificar a existência do sofrimento individual e da injustiça social. Entretanto, a partir de uma teoria historiográfica da religião, proposta por Talal Asad (2010), sabe-se que este lugar designado à religião é fruto de um processo de secularização gestado no seio das sociedades ocidentais; e, portanto, quando aplicada, esta compreensão causa ruídos analíticos e sociais, principalmente no tocante às categorias relacionadas historicamente à tradição religiosa, dentre elas, a espiritualidade. Em diálogo com a minha pesquisa de doutoramento sobre “morte e ateísmo”, o presente trabalho tem como objetivo investigar comparativamente as propostas de uma espiritualidade ateísta feitas pelo filósofo André Comte-Sponville (2007) e pelo neurocientista e filósofo Sam Harris (2015). Partindo dos conceitos êmicos dos autores, espera-se compreender a capacidade dos ateísmos de fornecer subsídios existenciais sem que estes sejam compreendidos aos moldes de uma forma religiosa, tal qual faz Flávio Gordon (2010), ao descrever o neoateísmo como uma “religião política”.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ASAD, Talal. A construção da religião como uma categoria antropológica. Cadernos de Campo (São Paulo, 1991), v. 19, n. 19, p. 263, 30 mar. 2010.
COMTE-SPONVILLE, André. O espírito do ateísmo: Introdução a uma espiritualidade sem Deus. Trad. Eduardo Brandão. Livraria Martins Fontes, São Paulo, 2007.
GORDON, Flávio. A Cidade dos Brights: Religião, Política e Ciência no Movimento Neo-Ateísta. 2010. 411 f. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2010.
HARRIS, Sam. Despertar: Um guia para a espiritualidade sem religião. Trad. Laura Teixeira Motta. Companhia das Letras, São Paulo, 2015.
QUINTANILHA, Rafael. Quando a religião não é (não pode ser) mais unânime: uma etnografia das práticas discursivas dos ateístas no Brasil. Dissertação em Ciência Social (Antropologia Social). Universidade de São Paulo, 2018.
Publicado
2024-01-28