“Mas ela é loura dos olhos azuis, Maria Padilha filha de seu Omolu”: a branquitude no terreiro e as possibilidades de sua corrosão pelo agenciamento simbólico presente no candomblé

  • Gabriel Pereira Garcia PPGAS/UFMS Mestrando
  • Francesco Romizi
Palavras-chave: Branquitude, Pretitude, candomblé, cosmologia

Resumo

O presente trabalho destina-se a uma reflexão sobre como os elementos simbólicos que integram a cosmologia do candomblé interagem com seres brancos que ingressam nesse universo. A partir da experiência etnográfica em trabalho de campo realizado em um terreiro de candomblé de Campo Grande – MS, o Axé Nascente, pudemos observar que a forma ritual de culto à pombagira Maria Padilha aproxima-se daquela costumeiramente destinada aos orixás do panteão iorubano, subvertendo uma lógica pautada na pureza e tradição tão requisitadas nos discursos dos afro-religiosos. Ao habitar um terreiro e convivendo com os orixás, mais que embranquecer essa experiência, Maria Padilha é empretecida nesse ambiente, o que nos permite analisar como o universo simbólico e ritualístico podem proporcionar um ambiente de possível corrosão da branquitude. Afinal, se “ela é loura dos olhos azuis”, também é “filha de seu Omolu”; seu ponto cantado revela que é branca e filha de preto – o orixá Omolu. Por isso, a partir dos dados colhidos durante o trabalho de campo e com o suporte teórico clássico e contemporâneo da antropologia das religiões de matrizes africanas, propõe-se essa reflexão a respeito da corrosão da branquitude agenciada pela cosmologia do candomblé.

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Publicado
2024-01-28