LOWANI NIDJIENIGI(FEM.), LOTANI O “MARACÁ” DO CURANDEIRO EJIWAJEGI E O PODER DE SE COMUNICAR COM OS ESPÍRITOS
Resumo
Este trabalho pretende explanar sobre algumas das propriedades de cura realizadas pelos nidjienigi, que é como os Ejiwajegi denominam seus curandeiros, transmitidas com o auxílio dos seus maracás, chamados de cuias (lotani) por este povo. Os Kadiwéu, que se autodenominam Ejiwajegi, são um dos oito povos indígenas que habitam o Mato Grosso do Sul, sendo conhecidos nacional e internacionalmente por seu modo de guerrear e de fazer arte. Para este povo, o curandeiro é aquele que evoca os naimais (traduzidos como espíritos) que trazem a cura através do nosso curador, o gonikilagatatogodi. Neste processo, o uso do maracá é fundamental para o livramento de males entre famílias, sendo que tal prática era recorrente em tempos antigos, mas hoje tem sido ameaçada de diversas formas - entre as quais o avanço do cristianismo nas aldeias e a diminuição da existência de curandeiros, que transmitiam para a próxima geração seus conhecimentos e práticas -, embora mantenham-se na memória de muitas pessoas. Para compreender melhor esta temática, acessaremos os conhecimentos primordiais deste grupo a partir da observação participante e do trabalho de campo, especialmente no Libatadi, a aldeia Alves de Barros (Terra Indígena Kadiwéu, Porto Murtinho/MS), objetivando estabelecer interpretações destes relatos com base nas antropologias da religião e da arte. Como resultado, esperamos compreender melhor e valorizar estes saberes.
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Referências
RIBEIRO, Darcy. Kadiwéu: Ensaios etnológicos sobre o saber, o azar e a beleza. 2ª ed. São Paulo: Global, 2019.
VERGÍLIO, Bento. Bento Vergílio: depoimento [nov. 2023]. Entrevistadora Benilda Vergílio. Campo Grande / MS, 2023. Ligação telefônica.
SILVA, Joana. Joana da Silva: depoimento [jul. 2012]. Entrevistadora Benilda Vergílio. Porto Murtinho / MS, 2012. Transmissão oral.