A OGUATÁ E A "BUSCA DA TERRA SEM MALES"
Resumo
Desde a virada do século XIX para o XX vemos surgir descrições acerca das práticas de mobilidade dos Guarani, caracterizadas por Curt Nimuendajú a partir dos rituais e elementos do profetismo, como “busca da terra sem males”. A partir desses dados, outros estudos antropológicos tornaram-se clássicos, reforçando essa categoria para explicar/compreender que a mobilidade guarani se baseava eminentemente em elementos religiosos. Assim, a partir do diálogo com Nimuendajú, mas sobretudo com Alfred Métraux e Hélène Clastres, queremos com o presente trabalho, fruto de pesquisa bibliográfica, complementada por várias incursões a campo e experiências de orientação de pós-graduação, trazer contribuições mais atuais da própria Antropologia, as quais mostram que essas migrações/mobilidade guarani são fruto de múltiplos fatores. Estudos recentes, sobretudo em regiões da fronteira Brasil/Paraguai, demonstram que a mobilidade responde a uma prática cultural arraigada nas relações entre as parentelas, de reciprocidade, desde as trocas matrimoniais, alimentos, rituais, dentre outros.