Diversidade étnico-racial no Brasil
interccionalidade e reflexões sobre miscigenação, racismo estrutural e democracia racial
Resumo
No âmago da construção identitária do Brasil encontra-se uma miscigenação, fio condutor de uma trama étnico-racial complexa e enriquecedora que permeia a cultura nacional. Desde os primórdios da colonização, quando portugueses, povos indígenas e africanos desembarcaram em solo brasileiro sob a sombra da exploração e escravidão, a interação entre essas especificidades matrizes étnicas foi crucial para a formação de uma sociedade miscigenada que se tornou a própria essência do país (Mordomo, 2004). Uma abordagem crítica da miscigenação é necessária para desvendar as intrincadas dinâmicas de poder e os desafios de desigualdade que permeiam o tecido social brasileiro. Tal como salientado por Munanga (1999), a miscigenação não foi mero acaso, mas um projeto urdido pelas elites coloniais para subjugar e controlar os corpos não brancos sob o véu da suposta harmonia racial. Porém, por trás dessa harmonia aparente, residem as marcas de racismo estrutural que impregnam a estrutura social brasileira, como evidenciado por Fernandes (2008). As desigualdades raciais não apenas persistem, mas se enraízam de forma estrutural, obstaculizando a efetiva promoção da igualdade de oportunidades e direitos entre os diversos grupos étnico-raciais (Alexander, 2010). Em um contexto multifacetado e complexo, a miscigenação se revela como uma característica intrincada, permeada por dinâmicas de poder, discriminação e desigualdade, que aumentam a influência nas relações sociais e raciais no Brasil (Almeida, 2019). Compreender a história e as implicações atuais desse processo é essencial para a formulação de estratégias eficazes de combate ao racismo estrutural e para a construção de uma sociedade verdadeiramente equitativa e justa para todos os seus cidadãos (Bonilla-Silva, 2018). Nesse contexto, este estudo têm como objetivos analisar a história da miscigenação no Brasil, considerando suas origens, evolução e impactos nas relações sociais e raciais ao longo do tempo, com foco nas dinâmicas de poder, discriminação e desigualdade presentes nesse processo e examinar a interseccionalidade entre a miscigenação, o racismo estrutural e a democracia racial no Brasil, a fim de propor estratégias para o combate ao racismo e para a construção de uma sociedade mais equitativa e justa. Diante desse contexto complexo, destacam-se autores como Fanon (1968, 2008) e hooks(1996) que abordam de forma profunda as questões raciais e as lutas por equidade e justiça. É essencial, portanto, refletir sobre a interseccionalidade da miscigenação, o racismo estrutural e a democracia racial, a fim de construir uma sociedade mais inclusiva e igualitária (Roithmayr, 2006; Santos, 2010).