Vozes, sussurros, silêncios: o Museu Ken Domon e a expografia sobre o nacionalismo japonês (1983-2023)
Resumo
Situado na cidade de Sakata, no Japão, o Museu Ken Domon foi construído em 1983 e dedicado inteiramente à obra de um único fotógrafo, Ken Domon (1909-1990), tratando-se da primeira instituição do gênero no país. Domon foi um dos principais fotógrafos em território nipônico e possui, mesmo atualmente, uma premiação que leva seu nome. Dos anos 1930 até 1945, ele – assim como outros artistas e intelectuais do período – foi cooptado pelo Estado com o intuito de produzir imagens nacionalistas e que, como tais, corroborassem o colonialismo e o militarismo japonês. O objetivo da comunicação é analisar a construção museográfica e expográfica do Museu Ken Domon, atentando, principalmente, para a forma como a produção nacionalista de Domon foi representada, tendo como recorte temporal os anos de 1983 a 2003. Do ponto de vista metodológico, a linguagem do museu é abordada a partir de sua museografia, expografia e cenografia. Da perspectiva teórica, compreende-se o museu em questão considerando as disputas de poder, tal como delineadas por Mário de Souza Chagas. Como discussões provisórias, levanta-se a hipótese de que o museu abordado minimiza a participação de Domon nos esforços colonialistas e militaristas japoneses, reduzindo essa faceta da trajetória da personagem a uma espacialmente reduzida antessala que, como tal, antecede o salão principal da instituição, dedicado especificamente ao pós-guerra e ao fotojornalismo crítico produzido pelo fotógrafo.