A PERSPECTIVA PATOLÓGICA DO HISTÓRICO MÉDICO DA TRANSEXUALIDADE
Resumo
A situação psicopatológica que a transexualidade implicava trazia duas esferas de consequências: uma que estigmatizava e outra que possibilitava o acesso dessa população às intervenções cirúrgicas e hormonais. Contudo, a recente atualização do Código Internacional de Doenças (CID) reclassificou a transexualidade, retirando-a do rol de doenças mentais. Independente de seus efeitos práticos, verifica-se que o discurso médico sempre permeou a realidade trans. Assim, o objetivo desse resumo é traçar um breve panorama histórico sobre a estreita relação da transexualidade com a medicina. Para tanto, foi utilizado como método de procedimento a revisão bibliográfica, cuja pesquisa explorou artigos, dissertações e teses. Assim, indutivamente, percebe-se que as demandas que acompanham a transexualidade estão intimamente ligadas ao desenvolvimento medicinal do século XX. A partir do desenvolvimento da cirurgia plástica e dos estudos sobre hormônios sexuais, os discursos científicos sobre os contornos da sexualidade humana ganharam novas configurações. A constatação de que a transexualidade possuía cunho patológico possibilitou o seu apoderamento pela medicina. Deste modo, tem-se o seguinte histórico: em 1980 a transexualidade foi inserida ao DSM-III; em 1994, recebeu a denominação de Transtorno de Identidade de Gênero (TIG); em 2012, a expressão TIG foi suplantada, passando a ser chamada de disforia de gênero e, em 2018, a nova atualização do CID reclassificou a transexualidade, denominando-a de incongruência de gênero. Portanto, a transexualidade pela perspectiva médica mostra que, no decorrer dos anos, o estigma que patologizava esse segmento foi gradualmente sendo descartado da comunidade médica, o que possibilitou uma mudança de paradigma.
