ALTERAÇÕES DA MICÇÃO E DEFECAÇÃO EM CÃES E GATOS COM ALTERAÇÕES VERTEBROMEDULARES
Resumo
Diversas doenças neurológicas que causam compressão, isquemia ou contusão do tecido nervoso podem comprometer a micção e defecação em cães e gatos, devido à interrupção de vias nervosas. A incontinência ou retenção urinária/fecal resultante afeta a qualidade de vida dos animais, e demanda diversos cuidados. Dada a casuística, o objetivo do trabalho foi revisar a literatura acerca da etiologia, fisiopatologia, sinais clínicos, tratamento e prognóstico. Realizou-se levantamento bibliográfico nas bases PubMed, Scientific Eletronic Library Online e Google Acadêmico, no período entre 2011-2022, e foram atendidos cães e gatos no Hospital Veterinário da UEL com tais alterações. Lesões acima de L7 causam bexiga espástica e arreflexiva, com esfíncter uretral hipertônico, o que caracteriza retenção urinária. O acúmulo de urina leva à hiperdistensão vesical e causa incontinência por transbordamento. Lesões sacrais causam bexiga arreflexiva e flácida, com esfíncteres relaxados e saída constante de urina. De forma semelhante, a incontinência fecal decorre de hipotonia do esfíncter anal, e há saída de fezes de forma inconsciente. O exame clínico e neurológico é primordial para determinação do local da lesão e prognóstico. O tratamento envolve limpeza da pele, expressão manual e cateterização para esvaziamento vesical, às vezes associado ao uso de alguns fármacos para facilitar a micção, mas no caso da incontinência fecal não há tratamento farmacológico bem estabelecido. O manejo incorreto predispõe à cistite, refluxo vesicoureteral, megacólon e dermatites. Cabe ao Médico Veterinário esclarecer os tutores, para que as expectativas em relação ao prognóstico, tratamento e complicações sejam elucidadas.