NEUROCIÊNCIAS E FENÔMENOS “PARANORMAIS”: ATÉ ONDE PODEMOS CHEGAR?
Resumo
Por intermédio de palestras e grupos de estudos 100% gratuitos, desde 2010 o programa de formação complementar “Temas em Neurociências” tem ajudado a divulgar e desmitificar as neurociências a acadêmicos e profissionais de diversas áreas do conhecimento. Dentre dezenas de palestras ministradas e grupos trabalhados ao longo dos anos, tivemos a oportunidade de estudar alguns fenômenos advindos de atividade encefálica normal ou anormal, porém considerados inexplicáveis pelo público em geral, tais como “déjà vu”, “viagem astral” e “experiências de quase morte", dentre outros. Assim, o objetivo deste trabalho é comentar alguns fenômenos estudados por pesquisadores no mundo todo nas últimas décadas, gerando centenas de artigos científicos e dezenas de livros sobre o tema. Em relação aos livros, cabe ressaltar que muitos dos autores de obras que defendem abertamente motivos paranormais para os fenômenos, não são leigos ou curiosos que o fazem sem nenhuma prova ou base científica. Muitas obras têm como autores cientistas respeitados em suas áreas de atuação e cujos casos descritos foram obtidos analisando minunciosamente situações vivenciadas por pacientes ou até mesmo experimentando os fenômenos per se, considerados, pelo menos a princípio, inexplicáveis à luz da ciência. É possível, portanto, conjeturar que embora certas experiências ditas “paranormais” sejam na verdade reproduzíveis e plenamente aceitáveis do ponto de vista científico, outras mostram lacunas ainda intransponíveis pelas ciências naturais. Logo, estabelecer que o sobrenatural simplesmente “não existe” tratando-o com viés pejorativo aparenta atitude precipitada e arrogante, podendo inclusive contribuir para desabonar, perante a sociedade, conceitos científicos plenamente consolidados.