O LEGADO DE JOÃO AUGUSTO DE ARAÚJO CASTRO E A EXTENSÃO DA POLÍTICA DOS “TRÊS D” PARA O MUNDO GLOBALIZADO
Resumo
Em 1963, chefiando a delegação brasileira na XVIII sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque, o diplomata e então ministro das Relações Exteriores João Augusto de Araújo Castro defendeu a política que chamou de “Três D” – Desenvolvimento, Desarmamento e Descolonização. Muito embora o mundo globalizado apresente grandes diferenças do mundo polarizado entre Estados Unidos e União Soviética, mostra-se possível, na atualidade, uma analogia para com a política defendida por Castro e a forma como o Itamaraty pode conduzir as relações exteriores do Brasil. A presente pesquisa, de natureza indutiva, tem como proposta analisar o legado deixado pelo referido diplomata, bem como interpretar a política “Três D” no contexto atual. A priori, com relação ao desarmamento, é possível o entendimento pela não utilização de armas nucleares, a própria consolidação das fronteiras brasileiras fora realizada principalmente por meio de negociações bilaterais e arbitragens. A partir do respeito à soberania dos povos com seus respectivos espaços e cultura, observa-se o princípio da não intervenção em assuntos domésticos, o que lembra aspectos da descolonização defendida por Castro. Por fim, a cooperação entre os países, iniciada pela prática dos dois primeiros “D”, chega à fase das relações bilaterais ou de criação de blocos econômicos, tais como o Mercosul, configurando-se um esforço de desenvolvimento que interliga, assim, as mais diversas produções.