O ROCK PSICODÉLICO E SUAS INTERFACES COM A PSICANÁLISE
Resumo
A partir da premissa teórica psicanalítica dos modos de subjetivação no contemporâneo, a presente pesquisa possibilita reflexões acerca da interação metapsicológica com a musicalidade, em especial a psicodélica, e os horizontes estéticos que permitem vislumbrar a constituição psíquica desejante/pulsante. Para tanto, partimos do estudo da eclosão dos movimentos contraculturais norte-americanos e ingleses, os quais projetaram em suas músicas as demandas de seu contexto histórico – como liberdade, uso das drogas e expansão da consciência (FILHO, 2019). Adiante, conferimos que as diversas sonoridades produzidas repercutiram amplamente pelas esferas sociais, implicando desde aclamações a críticas severas. Tal comoção em massa pôde demonstrar a força que a música exerce no campo pulsional e na subjetividade dos sujeitos da época, até os dias atuais, sendo inspiração para a transformação e alteridade social. A relação que os sons produzem nos pulsos corporais e psíquicos é observável através dos elementos componentes da música – ritmo, melodia, harmonia e timbre – combinados e concatenados segundo a exploração artística de seu criador (TAVARES, 2019). O despertar do campo do desejo/pulsional do sujeito-musicado-invocado pela via do contágio/laço social, possibilita ao sujeito um encontro faltoso, que permite uma satisfação parcial da tensão através da escuta do sublime do outro, incognoscível para si (TAVARES, 2016). Portanto, a construção de uma psicanálise implicada à cultura e arte, escapa um saber absoluto e normativo, pois encontra-se em diálogo com o Real a partir de atos despertadores da subjetividade, potencializando modos de intervenção e tratamento através da música, subvertendo a lógica manicomial e biologizante.