TEXTO-IMAGEM. FUGA E REPOUSO. CIBORGONA E MATILHAS
Resumo
O que pode um corpo escrever interpelado pela norma cisgênera e heteronormativa? O que pode um corpo com as marcações corporais: trans, ausente de passibilidade cisgênera, alheia a heterossexualidade e latina do sul do globo? O corpo é uma escritura viva. Escrever por meio do corpo como campos de experimentações, perceber as interpelações da norma, assumir os riscos e as contradições, transformar a si sem buscar adequação, registrar a vida e as experiências sensíveis como textos-imagens. Ciborgona, onças, humanóides, bandos e matilhas que correm pela cidade, fusões entre o humano e máquinas, a união íntima das partes felpudas e dissidentes para formar a trama da rebeldia, do autocuidado e da resistência. Continuo a correr como quem foge. A escrita como fuga, a imagem como repouso. Os textos-imagens são apostas-propostas do fim do mundo que nos foi dado a conhecer, os registros da queda dos impérios e das estruturas normalizadoras, as mitologias que reduziram a vida ao binarismo, o museu arcaico de gênero e as profecias apocalípticas de outros devires e realidades. Escrevo para localizar o meu corpo e traçar rotas-mapas de fuga e perceber que o repouso é tão importante quanto a mobilidade.