UMA ANÁLISE PSICANALÍTICA DA COMPOSIÇÃO DE MÚSICAS DE PROTESTO DURANTE O REGIME MILITAR BRASILEIRO
Resumo
Durante o período da ditadura militar no Brasil, as alterações legislativas feitas pelos militares concederam a permissão necessária para que controlassem a mídia e a produção artística no país. Assim, muitos artistas descontentes com o governo tiveram que desenvolver estratégias para que suas obras não fossem vetadas pela censura, visto que o regime não tolerava qualquer forma de insatisfação com o governo militar (LAPERA, 2021). Como resultado, músicas com figuras de linguagem elaboradas e estrategicamente colocadas foram escritas, formando um interessante arranjo para a história da música brasileira. O objetivo deste trabalho, portanto, é analisar as letras e sonoridades dessas obras sob o viés da teoria psicanalítica, bem como, os seus desdobramentos na população e na cultura a partir do enfrentamento do regime político vigente na época. Para a realização do trabalho, foi feita uma busca por artigos, documentários e livros que servissem como fonte de informação, tanto sobre o período da ditadura militar, quanto de bases psicanalíticas que abordassem o tema musical, além das anotações do aluno nos encontros regulares do presente projeto de ensino. Foi possível compreender a composição musical enquanto um processo sublimatório do artista (FREUD, 1930/1996) durante um período em que inserir emoções de descontentamentos com o governo na cadeia simbólica era limitado e proibido. Além disso, identificou-se que as produções tinham uma importante função de mobilização popular para a revolta e alimentavam a esperança por um governo mais justo, humano e democrático, por promover o sentimento de massa na população (FREUD, 1921/2011).