Divisão Sexual Do Trabalho E O (Não) Lugar Das Mulheres No Mundo (E Na Universidade)
Resumo
O mundo contemporâneo do trabalho se caracteriza pela flexibilização das relações de trabalho, desconstrução do espaço produtivo, expansão do trabalho precarizado, parcial, temporário, terceirizado e informal, bem como pelo aumento do trabalho feminino, que já significa 40% da força de trabalho em diversos países economicamente desenvolvidos (ANTUNES, 2003; MARQUES, 2013).
Segundo Hirata e Kergoat (2007), a divisão sexual do trabalho é a forma de divisão do trabalho social decorrente das relações sociais entre os sexos; mais do que isso, é um fator prioritário para a sobrevivência da relação social entre os sexos. Tem como características a designação prioritária dos homens à esfera PRODUTIVA e das mulheres à esfera REPRODUTIVA.
A população brasileira é composta por 56% de homens e 44% de mulheres. Quanto a participação de homens e mulheres em postos de trabalho formais encontramos grandes diferenças. Os homens participam mais da construção civil, indústria extrativa, transporte e eletricidade, enquanto que as mulheres dos setores saúde e serviços sociais, educação e alojamento e alimentação (MTE, 2015).
A divisão sexual do trabalho impacta na ascensão das mulheres nas empresas, bem como na participação nas esferas de governo e na política brasileira. Apenas 21,4% das mulheres possuem cargo de chefia em empresas e pouco mais de 28% atuam nos tribunais superiores do país.
A participação das mulheres na universidade também é profundamente marcada pela divisão sexual de trabalho, seja na rotulagem de cursos considerados de “homens” e de “mulheres” até a distribuição de mulheres nos grupos de pesquisa. Existem áreas, como as ciências agrárias e exatas, que o número de mulheres pesquisadoras é de aproximadamente 30%, enquanto que CADERNO DE RESUMOS DA XXIII SEMANA DA FÍSICA linguística, letras e artes e humanas a participação é de pouco mais de 60% (MELO, LASTRES e MARQUES, 2004).
Uma das consequências mais graves do machismo, que leva a divisão sexual do trabalho, é o assédio em todas as suas formas. Mais da metade das mulheres no mercado de trabalho já foram assediadas por um superior e ou já sofreram preconceito por serem mulheres (PANROTAS, 2017).
As mulheres são quase metade da população brasileira, mas tem baixa participação nos altos cargos nas empresas, na vida política, no mercado formal de trabalho e nas universidades. A violência sobre as mulheres na maior parte dos locais de trabalho é cotidiana e intensa. O machismo estrutural presente na nossa sociedade coloca as mulheres em condição de inferioridade aos homens, que geralmente as consideram incapazes de realizar algumas tarefas, sobretudo as que exigem força e ou inteligência. Contudo, as mulheres tem demonstrado que podem realizar todo e qualquer tipo de trabalho. O desenvolvimento da inteligência não está relacionado ao sexo biológico, mas as oportunidades iguais entre homens e mulheres.