Coisas quebradas: afetividades desviantes

  • Ludmila Castanheira
  • Lua Lamberti de Abreu
Palavras-chave: dissidência, lesbianidade, travesti

Resumo

A performance de feminilidade em nós está “quebrada”. Nós somos mulheres: uma cis, lésbica outra trans, com afetividades circunstanciais. Para o olhar normativo, nos falta ou sobra algo. Não correspondemos ao binarismo de gênero. Nós estamos entre. E não há espaço para o que não se deixa catalogar imediatamente. Se as impressões sobre nós não são precisas, nós, automaticamente, somos retiradas da categoria humana. Nos tornamos coisas e, como tal, não merecemos qualquer deferência. As “coisas” devem ser eliminadas do mundo maniqueísta no qual nenhuma dúvida é bem-vinda. Somente por existir, nós ameaçamos os frágeis castelos de areia da normatividade. A partir dessa perspectiva, de existências que perturbam o estabelecido, temos sido mortas, fetichizadas, silenciadas. Não somos casal, nem família. Bando, talvez. Nós nos queremos assim, quebradas, olhando para as feridas uma da outra, e debochando da obviedade da vida circunscrita pela norma.

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Publicado
2021-01-14
Seção
Anais do VI Simpósio Gênero e Políticas Públicas