Análise descritiva do estado nutricional de crianças e adolescentes atendidos em expedição médica à Chapada Diamantina (Bahia)

  • Gabriela Lacerda Assad
  • Jonas Alher Meira Alves
  • Denise Alceleste Braga Diniz
  • Matheus Feliphe dos Santos Silva
  • Sarah Beatriz C. Meirelles Félix
Palavras-chave: Assistência médica, Estado Nutricional, Missão Médica, Pediatria

Resumo

O Brasil passa por uma transição nutricional e a monitorização do estado nutricional é imprescindível (BARROS; BAIÃO; SILVA, 2014; BATISTA FILHO; RISSIN, 2003; BRASIL, 2022; MONTEIRO, 2022). Crianças e adolescentes merecem atenção especial, uma vez que o aporte correto de nutrientes nessas idades influencia o quadro de saúde atual e futuro (CUNHA, 2015). O objetivo deste estudo foi analisar o estado nutricional de crianças e adolescentes atendidos em expedição médica voluntária à Chapada Diamantina. Trata-se de um estudo transversal e descritivo do estado nutricional e de aspectos sociodemográficos de crianças e adolescentes de seis comunidades da Chapada Diamantina (BA). Os dados foram coletados de prontuários de consultas realizadas em abril de 2022, cedidos pelo órgão promotor da expedição e estão disponíveis em domínio público. A ação foi organizada pelo Instituto Dharma, que realiza expedições em áreas remotas ofertando acesso à saúde. Para dividir a amostra em faixas etárias, considerou-se: crianças de 0 a

9 anos e adolescentes de 10 a 19 anos. Para idade nutricional, usou-se critérios: lactente menor que 2 anos, pré-escolar de 2 a 5 anos, escolar de 6 a 9 anos e adolescente de 10 a 19 anos. Para análise dos dados utilizou-se o programa IBM SPSS Statistics 20. Os resultados encontrados apontaram que do total da população atendida, 37,2% tinham entre 0 e 19 anos. Desses, o sexo feminino (53,7%) e a idade de 5 anos (8,4%) prevaleceram. A maioria estudava (51,3%), possuía água encanada (33,9%) e coleta seletiva (51,7%) e vivia em casa de alvenaria (58,4%). A maioria com dados informados recebia bolsa família (33,9%). Quanto ao número de refeições, todas as idades realizavam, em maior frequência, três por dia: 80% dos lactentes, 69,8% dos


pré-escolares; 67,6% dos escolares e 65,1% dos adolescentes. Quanto ao índice de massa corporal, na faixa dos lactentes, 81,2% está dentro dos percentis e 18,7% está fora; dos pré-escolares, 75,4%, dentro e 24,5%, fora; dos escolares, 63,1%, dentro e 36,8%, fora e dos adolescentes, 60,7%, dentro e 39,2%, fora. Quanto à frequência de consultas, 5% dos pacientes nunca haviam ido ao médico. As principais queixas foram: rotina (20,5%), tosse (6,3%), prurido nasal (4,2%), manchas na pele (3,6%), gripe (3%), anorexia e dor abdominal (2,7%). As principais hipóteses diagnósticas, segundo o CID10, foram: puericultura (18,8%), rotina odontológica (7,3%), rinite (6,8%), infecção de vias aéreas (6%), asma (5,5%), parasitose intestinal (2,6%), dermatite (2,1%), alergia não especificada (1,6%), vaginite (1,8%) e dificuldade na alimentação e erro na administração de alimentos (1,3%). A maioria dos indivíduos estava eutrófico, porém, ao comparar valores com dados da Bahia do mesmo período (SISVAN, 2023), atesta-se que há maior porcentagem fora dos percentis de peso para idade nas faixas escolar e adolescente na região da Chapada. É importante considerar que esses grupos têm pior perfil de dieta e estão mais propensos ao sobrepeso e suas implicações futuras (BRASIL, 2013). Na expedição, 5% dos pacientes nunca haviam ido ao médico, o que, embora minoria, aponta para possível falha de puericultura na região (BRASIL, 2012). Quanto ao número de refeições, eram feitas, em maior frequência, três por dia, porém recomenda-se pelo menos cinco refeições na faixa estudada (MENEZES, 2011), o que sinaliza possível falha no aporte nutricional. Na Chapada, a frequência de parasitose intestinal como hipótese diagnóstica foi menor quando comparada aos casos registrados nas escolas de Salvador (ALVES NETO, 2020). Pode estar ocorrendo suposta subnotificação de casos e isso afetaria o desenvolvimento de crianças e adolescentes a longo prazo. Estudos relacionam parasitose com dificuldade na alimentação e erros de administração de alimentos, outra frequente hipótese diagnóstica da expedição (MUNARETO, 2021), sendo que ambos podem apresentar-se na forma de duas queixas frequentes nas consultas: anorexia e dor abdominal. Evidencia- se a necessidade de acompanhamento periódico para realização de avaliação nutricional e de orientações de promoção à saúde como formas de prevenção, diagnóstico e tratamento de distúrbios decorrentes da má alimentação nesta região (BRASIL, 2022; SPB, 2021).

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Publicado
2023-10-12