Análise da vacinação contra a dengue na Universidade Estadual de Londrina

  • Gabriela Valente Rabelo Watanabe
  • Danielle Ruiz Miyazawa Ferreira
  • Lucas Gabriel Capelari
  • Ivana Teixeira Motta
  • Jaqueline Dario Capobiango

Abstract

A dengue é uma arbovirose causada pelo vírus da dengue (DENV), que possui quatro sorotipos distintos (GUY et al, 2016). Quando infectado, o indivíduo cria imunidade vitalícia específica a cada sorotipo e imunidade cruzada parcial e temporária para os demais; em infecções posteriores por um sorotipo diferente da primo-infecção pode ocorrer a dengue grave (PAHO, 2021). A doença foi identificada como uma das 10 ameaças à saúde global em 2019 pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (WILDER-SMITH, 2020), destacando a necessidade urgente de seu controle. A Dengvaxia® (CYD-TDV), foi a única vacina licenciada no mundo e aprovada no Brasil em 2015 (SANOFI, 2019). Em 2017, contudo, a vacina passou a ser indicada somente para pessoas de 9 a 45 anos que tenham tido dengue prévia, por aumentar o risco de doença grave nas pessoas soronegativas para a dengue (KIMBERLIN; LYNFIELD, 2021; GUBLER; HALSTEAD, 2019). Assim, o presente estudo objetiva demonstrar a segurança da vacina Dengvaxia® a curto prazo, discutir a aplicabilidade do teste rápido para identificação de soropositivos para a dengue e apresentar aspectos relacionados à adesão à vacina durante a campanha de vacinação no Estado do Paraná. Trata-se de um estudo de coorte prospectiva, cuja amostra populacional foram adultos entre 18 e 27 anos de idade, funcionários ou estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e do Hospital Universitário de Londrina (HU), aos quais foi administrada a vacina Dengvaxia®, fornecida gratuitamente, entre 2016 e 2018, durante a Campanha de Vacinação contra a Dengue realizada pela Secretaria do Estado do Paraná. As variáveis analisadas foram: sexo, cor, renda familiar, faixa etária, escolaridade, doença de base, presença ou não de dengue prévia e número de doses da vacina (Tabela 1). Foram coletadas amostras de sangue de 296 participantes para pesquisa de anticorpos anti-Dengue, IgG e IgM por meio de

 

teste rápido (Bioline™ Dengue DUO - Abbott®). Foi realizada busca fonada de todos os participantes, 30 dias após cada dose de vacina. Informações como dengue prévia à vacinação e data das doses da vacina foram obtidas em bancos de dados: Gerenciador de Ambiente Laboratorial do Paraná (GAL), Medview (Hospital Universitário), SaúdeWeb (Prefeitura Municipal de Londrina) e Aplicativo de Controle de Vacinação da Dengue do Governo do Paraná Versão 0.0.13. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos da UEL, em 2016, número do parecer: 1.730.740, com Certificado de Aprovação para Apreciação Ética (CAAE) número: 59231516.6.0000.5231. Dos 1815 adultos incluídos no estudo e que receberam a primeira dose da vacina, a maioria foi do sexo feminino, da cor branca, com renda familiar entre 4 e 6 salários-mínimos, sem comorbidade e negava ter tido dengue previamente; 55,6% dos participantes receberam a 2ª dose e 27,4% receberam a 3ª dose da vacina. Nenhum participante apresentou reação grave às doses da vacina, não ocorrendo internação ou óbito até 30 dias depois de cada dose da vacina aplicada. Nas 296 amostras em que foi realizado o teste rápido para pesquisa de anticorpos contra a dengue, houve positividade em 1,5%. Entre os pacientes com teste positivo, 2 relataram ter tido dengue prévia. Entre os pacientes com teste negativo, 19 relataram ter tido dengue prévia. Diante do exposto, conclui- se que o teste rápido, fora da fase aguda da doença, não foi adequado para avaliar a imunidade prévia para dengue e que a vacina Dengvaxia® se mostrou segura, configurando-se como mais uma opção na prevenção da doença.

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Published
2023-11-30