ENDOMETRIOSE EXTRAPÉLVICA COM ISQUEMIA INTESTINAL ASSOCIADA: UM RELATO DE CASO

Palavras-chave: Abdome agudo, Endometriose, Isquemia, Laparotomia, Peritônio

Resumo

A endometriose afeta de 6 a 10% das mulheres em idade reprodutiva¹ e caracteriza-se pela proliferação de células do endométrio fora da cavidade uterina. Classicamente, gera dor pélvica crônica, dismenorreia e infertilidade², com a confirmação diagnóstica feita por visualização das lesões em cirurgia4,5. O objetivo deste relato é divulgar o caso de uma paciente atípica, ampliando o repertório médico quanto às diversas apresentações da doença. A paciente, sexo feminino, 40 anos, G3P3, foi encaminhada ao serviço terciário com dor abdominal intensa com 1 dia de duração e sangramento vaginal vermelho vivo. Relata perda ponderal de 11kg em 2 meses. À admissão, apresentava sinais vitais estáveis, exame físico com abdome distendido, hipertimpânico, com dor difusa à palpação superficial, pior em andar inferior e presença de defesa. Os exames laboratoriais eram sugestivos de hemorragia e infecção, e a paciente foi internada para melhor avaliação do caso. A investigação radiológica demonstrou lesão nodular em ovário esquerdo e lesão volumosa (1618 cm³) envolvendo porção anterior da pelve, fossas ilíacas (FI) e regiões anexiais, indissociável do fundo uterino e em íntimo contato com o ceco, com encarceramento de alças intestinais, exemplificado na figura 1. Foram encontrados também espessamentos difusos de íleo terminal e ceco, densificação adiposa e linfonodomegalia regional. As hipóteses levantadas foram abscesso tubo-ovariano e neoplasia de ovário. 8 dias após a admissão foi realizada laparotomia exploratória pela equipe de Ginecologia e Obstetrícia e executadas ooforectomia e salpingectomia esquerdas devido à infecção e necrose, sendo confirmado em anatomopatológico salpingite aguda por endometrioma. A equipe de Cirurgia Geral foi chamada para avaliação do achado em FI direita, que estava endurecido e aderido a planos profundos, entremeado em mesentério, com necrose difusa. A equipe realizou ileocolectomia direita, ileostomia terminal e retirada de linfonodo retroperitoneal e peritônio para biópsia. Apesar da semelhança visual da massa com neoplasia, a análise indicou endometriose profunda. Após 5 dias em Unidade de Terapia Intensiva e 13 dias em Enfermaria, a paciente apresentou boa recuperação e recebeu alta hospitalar. A endometriose intestinal corresponde a cerca de ¼ dos casos de endometriose profunda, sendo a maioria das lesões localizadas em reto e cólon3. A localização atípica somada a sintomatologia inespecífica que esse subtipo causa (dor abdominal, náuseas e vômitos) corrobora para a confusão diagnóstica com patologias inflamatórias abdominais diversas e neoplasias3,4,5. No caso relatado, os fatores citados somados à ocorrência simultânea do abscesso tubo-ovariano por endometrioma, complexificaram o diagnóstico da paciente. Em suma, endometriose intestinal, mesmo rara, deve ser levada em consideração no diagnóstico diferencial das causas de abdome agudo em mulheres em idade fértil.

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Biografia do Autor

Carolina De Freitas Souza, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

carolina.freitas@uel.br

Felipe Fávero Borsato, Universidade Estadual de Londrina

Médico

Residente de Cirurgia geral no Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina
Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

felipe.favero.borsato@uel.br

Isabela Teixeira Machado, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

Bruno Alexandre Sakamoto Rodrigues, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

bruno.asrodrigues@uel.br

Júlia Scudeler Barreto, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

julia.scudeler@uel.br

Júlia Zampa Fajardo, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

julia.zampa.fajardo@uel.br

Sofia Gonçalves Mota, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

sofia.g.mota18@uel.br

Daniel Miguel Mauro, Universidade Estadual de Londrina

Mestre em Ciências da Saúde
Cirurgião do Trauma e Vascular

Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

danielmauro@uel.br

 

Publicado
2024-12-06