LIPOMA DE CÉLULAS FUSIFORMES ALOJADO EM TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR: UM RELATO DE CASO SINGULAR

Palavras-chave: Lipoma Atípico, Proteína S100, Recidiva

Resumo

O lipoma de células fusiformes (LCF) é um tipo raro de tumor lipomatoso benigno, constituído de diferentes tipos de células como células fusiforme, adipócitos e células gigantes multinucleadas, associadas à colágeno frouxo¹. Pode ser caracterizado pela expressão de marcadores histopatológicos como as glicoproteínas de superfície celular CD34¹. A maioria dos casos é caracterizado por um crescimento tumoral, geralmente assintomático, em região dorsal superior, posterior do pescoço e nos ombros. No entanto, raros casos podem acometer o trato respiratório, apresentando sintomas alarmantes como dispneia, obstrução, estridor e rouquidão². Dessa forma, o presente estudo objetiva analisar um caso clínico incomum envolvendo um Lipoma de Células Fusiformes recidivante no sistema respiratório, buscando oferecer uma compreensão mais ampla sobre a doença, além de contribuir para o conhecimento de seu diagnóstico e tratamento. Paciente do sexo feminino, 58 anos, apresentando queixa de tosse seca iniciada há 8 meses, associada à disfagia e dispneia progressivas, com piora nos últimos 2 meses. Foi encaminhada ao hospital após realização de videolaringoscopia demonstrando evidência de lesão cística em região supraglótica. Ao exame físico, apresentava-se com saturação de O2 a 96% e lesão cística em base de língua. Quanto aos antecedentes, referiu hipertensão arterial (HAS) e tabagismo passivo há 20 anos e negou histórico familiar para neoplasias. Foi realizada Tomografia Computadorizada de pescoço, que revelou um nódulo pediculado em região de face faríngea da epiglote e prega glossoepiglótica lateral direita, medindo 5cm e ocupando parcialmente a coluna aérea neste nível (Figura 1). Após 9 dias de internação, foi realizada ressecção completa do nódulo e posterior análise histopatológica, que revelou uma lesão benigna com presença de componente adiposo maduro misturado com células fusiformes (Figura 2A e 2B), características clássicas de LCF. Foram mostrados na imunocoloração os marcadores CD34 nos componentes fusiformes e S-100 nos adipócitos. Dois anos após a retirada do lipoma, a paciente retornou ao ambulatório com queixa de dispneia, tosse e disfagia há uma semana. A realização de nova videolaringoscopia mostrou lesão nodular de 4cm, em prega aritenoide e ariepiglótica direita, com aspectos patológicos semelhantes ao nódulo anterior. Após ressecção completa, a análise anatomopatológica confirmou recidiva de LCF. O presente relato de caso, traz um quadro com características histopatológicas e sintomáticas esperadas e encontradas na literatura.  No entanto, algumas características do caso divergem de forma singular dos achados clínicos prévios em outros pacientes. Na imuno-histoquímica, as células pertencentes ao LCF, costumam ser negativas para a proteína S-100², mas apesar do presente caso ter apresentado resultado positivo para esse marcador, isso ocorreu de forma focal e limitada, não prejudicando a identificação do componente fusiforme na análise. Ademais, o paciente apresentou uma recidiva do tumor, divergindo significativamente dos casos encontrados na literatura científica, os quais não há registro dessa doença apresentando esse tipo de comportamento. Portanto, conclui-se que devido a baixa incidência e histórico de casos de LCF alojados no trato respiratório, esse tipo de lipoma torna-se uma doença cujas características clínicas, etiológicas e de manejo apresentam-se de forma relativamente desconhecida. Assim, novas pesquisas são necessárias para que ocorra o aprimoramento da compreensão acerca da doença.

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Publicado
2024-12-06