COMUNICAÇÃO DE ACIDENTES DE TRABALHO E QUEIMADURAS: AGENTES CAUSAIS E EPIDEMIOLOGIA.

Palavras-chave: comunicação de acidentes de trabalho, queimaduras, unidades de queimados

Resumo

A incidência de queimaduras em acidentes de trabalho corresponde a aproximadamente 20% de todos os casos de queimaduras nos EUA (1). A incidência de queimaduras ocupacionais tem sido associada a jornadas longas, falta de equipamentos de proteção coletiva e treinamentos, no entanto, pode ocorrer em profissionais que desenvolvem suas atividades em âmbito informal (2). Por acometer indivíduos em faixa etária produtiva, representam uma parcela importante das queimaduras possíveis de serem prevenidas. O presente trabalho tem por objetivo avaliar quais as principais causas de notificação de acidentes de trabalho relacionados à queimadura, superfície corporal queimada e mortalidade. Trata-se de um estudo epidemiológico observacional descritivo, retrospectivo com levantamento de dados coletados em banco de dados de hospital que presta atendimento a queimados, entre os anos de 2018 e 2022 (janeiro/18 a dez/22). Desta avaliação, tivemos entre janeiro de 2018 e dezembro de 2022 foram internados 1286 pacientes, sendo geradas 116 comunicações de acidente de trabalho (9,02% das internações). Onze pacientes eram do sexo feminino (idade entre 23-42 anos, média 36 anos) e 105 pacientes do sexo masculino (idade entre 16-78 anos, média 37 anos). A superfície corporal variou de 0,2 a 84%, com média de 15,88%. O tempo de internação teve uma média de 18,99 dias e a mortalidade ficou em 12,06 % (14 casos). Os agentes causais foram: fogo 34,48% (n= 40), queimadura elétrica 22,41% (n = 26), escaldo 20,68% (n=24), contato 10,34% (n = 12), química 6,03% (n = 7), vapor 4,31% (n=5), fuligem e geladura com 0,86% cada ( n = 1 para cada). Em função desses achados, temos que as queimaduras estão entre as lesões mais devastadoras associadas aos acidentes de trabalho (3). Além dos custos relacionados ao tratamento de alta complexidade, os danos causados ao indivíduo podem ser irreversíveis tanto do ponto de vista físico quanto psíquico (2) No presente estudo,  a prevalência foi maior no sexo masculino (90,51% dos casos, n =105), com idade média de 37 anos, semelhante ao encontrado na literatura (4). Quantos aos agentes causais, houve predominância de chamas em 34,48% dos casos, seguida de queimadura elétrica e escaldo. Neste trabalho é de se notar que a incidência de 9,02% de comunicações de acidentes de trabalho fique abaixo da citada em literatura (17% e 23%) (3),(1), porém os trabalhadores autônomos podem ter sido excluídos da casuística, por não haver necessidade obrigatória de notificação, gerando uma subnotificação. Concluindo, as queimaduras associadas ao trabalho ocorrem na faixa etária produtiva, podendo gerar danos físicos, sociais e psicológicos ao indivíduo. Uma grande parte desses acidentes pode ser evitado com medidas de educação em saúde e utilização de equipamentos de proteção individual.

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Biografia do Autor

Guilherme Figueiredo Berbert, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

guilherme.berbert@uel.br

Amanda Vieira Montrezol, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

amanda.montrezol@uel.br

Juliana Helena Montezeli, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

jhmontezeli@uel.br

Erika Cristiane Mayumi Mimura, Universidade Estadual de Londrina

Doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade Estadual de Londrina

Docente Departamento de Clínica Médica da Universidade Estadual de Londrina na disciplina de Clínica Médica e Semiologia

Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

 

Publicado
2024-12-06