HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA DIREITA DECORRENTE DE TRAUMA CONTUSO COM DESFECHO FAVORÁVEL EM PACIENTE JOVEM: UM RELATO DE CASO

Palavras-chave: Hérnia Diafragmática Traumática, Ruptura, Trauma Múltiplo

Resumo

A hérnia diafragmática (HD) é um defeito no diafragma que permite a passagem completa ou parcial de conteúdo para a cavidade torácica devido aumento do gradiente de pressão entre o abdome e o tórax.1 Os sintomas incluem dispneia e problemas gastrointestinais, e indica-se a cirurgia mesmo em casos assintomáticos pelo risco de estrangulamento e encarceramento dos órgãos herniados.1 Objetiva-se apresentar o caso de uma hérnia diafragmática direita por trauma contuso, incluindo complicações e o desfecho desse caso. Trata-se de um paciente do sexo masculino, de 17 anos, que sofreu acidente de motocicleta contra anteparo fixo. Na admissão, foi seguido o mnemônico ABCDE para avaliação inicial do politraumatizado: entubado, em prancha rígida e uso de colar cervical; murmúrios vesiculares reduzidos em base direita; hipotenso e taquicárdico; Escala de Coma de Glasgow 3, pupilas mióticas e sem fotorreação (em uso de midazolam e fentanil); escoriações em face, ombro e joelhos. Não foi realizada avaliação focada com ultrassom no trauma (FAST) pela indisponibilidade do aparelho naquele momento. Após estabilidade clínica, as tomografias revelaram, no abdômen, lesão hepática (grau II) e esplênica (grau III) e, no tórax, além das opacidades difusas em vidro fosco, foi evidenciado derrame pleural importante a direita com desvio de estruturas do mediastino para esquerda (Figura 1) - optado então pela drenagem do hemotórax à direita (saída de 500 mL). Devido à relativa estabilidade clínica e inconsistência dos radiologistas a respeito dos achados, foi optado pelo manejo conservador das demais lesões. Após 4 horas da entrada, houve piora drástica dos parâmetros hemodinâmicos, porém mantendo baixo débito hemático no dreno de tórax (150ml/4h), sendo indicada a abordagem por laparotomia exploradora. Durante o procedimento, foi evidenciada lesão de aproximadamente 15 centímetros em cúpula diafragmática direita, com passagem de conteúdo abdominal para o tórax, sendo corrigida com sutura de fio inabsorvível (Figura 2), além de esplenectomia devido à lesão grau IV. Houve tentativa falha de extubação no 2º dia de pós-operatório (PO), devido taquidispneia e rebaixamento do nível de consciência, obtendo sucesso apenas no 5º PO. Após evolução satisfatória, recebeu alta hospitalar no 20º PO. Estudos sugerem que lesões diafragmáticas representam 1,3% do total de traumas tóraco-abdominais.2 No presente caso, a lesão à direita no contexto de trauma contuso é menos comum, tanto devido à cúpula diafragmática direita ser congenitamente mais forte e resistente à pressão, quanto pelo papel protetor do fígado, que previne a transmissão de força das vísceras abdominais para o hemidiafragma direito.1 Em uma revisão sistemática, apenas 22% dos casos de hérnia diafragmática decorrentes de trauma foram no lado direito.3 Pela localização da lesão apresentada no caso, foi possível resolvê-la com sutura, sem tela cirúrgica, apesar do tamanho. Além disso, a esplenectomia é um procedimento comumente associado à hérnia diafragmática.1 Diante de um quadro de alta morbimortalidade associado à ruptura diafragmática direita,1 o fato deste paciente encontrar-se hígido e com queixas mínimas após pouco tempo de internação demonstra a efetividade do serviço e a resolutividade das condutas adotadas. No relato descrito, a abordagem cirúrgica precoce foi determinante para um desfecho favorável.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Giulia Akemi Sakashita, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

giulia.sakashita@uel.br

Matheus Queiroz Dantas, Universidade Estadual de Londrina

Médico residente de cirurgia geral no Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina

Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

matheus.dantas@uel.br

Carolyny Mendes de Oliveira, Universidade Estadual de Londrina

Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

Milene Oliveira Cuissi, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

milene.oliveira@uel.br

Maria Leticia Barbosa Rinaldi, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

maria.leticia.rinaldi@uel.br

Gabriela Gonçalves da Silva, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

goncalves.gabriela@uel.br

Bruna Maia Galetti, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

bruna.maia.galetti@uel.br

Daniel Miguel Mauro, Universidade Estadual de Londrina

Mestre em ciencias da saude

Cirurgião do Trauma e Vascular

Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

danielmauro@uel.br

Publicado
2024-12-06