TENTATIVA DE AUTOEXTERMÍNIO ASSOCIADO AO USO PROLONGADO DE ZOLPIDEM EM IDOSA: UM RELATO DE CASO

Palavras-chave: Depressão, Tentativa de Suicídio, Zolpidem

Resumo

O Zolpidem é um sedativo hipnótico não benzodiazepínico e seu uso prolongado para o tratamento de insônia associa-se ao aumento dos riscos de overdose, dependência (1) e tentativa de suicídio (2). Sabe-se que os efeitos do medicamento são mais proeminentes em idosos, cuja taxa mundial de suicídio é muito maior que a média da população geral. Além disso, nessa faixa etária, o transtorno depressivo é um grande problema de saúde pública (3) e decorre da combinação de fatores como melancolia, ansiedade, insônia e abuso medicamentoso. O presente estudo objetiva relatar tentativa de suicídio através de abuso medicamentoso e condutas tomadas para a resolução do caso, relacionando-o aos malefícios do uso de Zolpidem à longo prazo. M.Q.S; sexo feminino, 71 anos, encaminhada a um hospital terciário após tentativa de suicídio com 20 comprimidos de Zolpidem 10mg, dez comprimidos de Sertralina 50mg e dois pacotes de raticida “Straik®” (Brodifacoum 0,005%). Paciente com diagnóstico de transtorno depressivo recorrente, sendo o primeiro episódio há 30 anos. Há 2 anos, iniciou um novo episódio, foi a um psiquiatra, que prescreveu Zolpidem 10mg para insônia e Sertralina 50mg ao dia. Há dez meses houve piora dos sintomas depressivos, com tristeza, anedonia, anergia, insônia, inapetência e, nos dias anteriores à internação, ideação suicida. Familiares referiram o uso abusivo de Zolpidem pela paciente em período recente, com o consumo médio de quatro comprimidos/dia. Paciente relatou que o divórcio do filho e a mudança de uma amiga para outra cidade foram fatores desencadeantes para o quadro depressivo atual. Negou tentativas anteriores de suicídio, sintomas psicóticos e maníacos prévios, assim como uso de substâncias psicoativas. A dose de Sertralina foi otimizada para 150 mg, e foi introduzida Mirtazapina 15 mg, à noite, de modo a potencializar o tratamento antidepressivo, além de auxiliar na queixa de insônia. Durante a internação, houve remissão da ideação suicida. No dia da alta hospitalar, doze dias depois, apresentava-se estimulada a voltar às atividades de vida diária. Durante toda a internação, a equipe da Psiquiatria realizou psicoeducação com a paciente e familiares em relação aos riscos do uso de Zolpidem em idosos. A paciente descrita possui a depressão e o abuso de substâncias como fatores de vulnerabilidade ao suicídio. Sabe-se que a depressão é o transtorno psiquiátrico mais associado ao suicídio, além de possuir o uso abusivo de fármacos como uma frequente comorbidade (1). Além disso, isolamento e perdas sociais são fatores predisponentes ao suicídio em idosos. No caso em questão, isso se confirma visto que a paciente foi afastada de duas pessoas próximas. A paciente recebeu prescrição de uso contínuo de Zolpidem, que manteve por vários meses e acabou se relacionando com o consumo abusivo da substância. O caso descrito ilustra que o uso prolongado do Zolpidem, embora comum no tratamento da insônia, pode revelar-se preocupante, especialmente em idosos e quando combinado com outros fatores de vulnerabilidade.

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Biografia do Autor

Gabriela Bonette Silvério, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

gabriela.silverio@uel.br

Bruna Maia Galetti, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

bruna.maia.galetti@uel.br

Fernanda Cardoso Tonssique, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

fernanda.cardoso@uel.br

Ellen Silva Walter, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

ellen.silva.walter@uel.br

Giovana Boni Terra, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

giovana.boni.terra@uel.br

Luísa Manfredin Vila, Universidade Estadual de Londrina

Médica Residente de Psiquiatria da Universidade Estadual do Londrina (UEL). Formada em Medicina pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)

luisa.manfredin@uel.br

Diego Augusto Nesi Cavicchioli, Universidade Estadual de Londrina

Mestrado Acadêmico pelo Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da UNIFESP

professor assistente de Medicina da Universidade Estadual de Londrina (UEL/PR)

Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

diegoanc@uel.br

 

Publicado
2024-12-06