ASSOCIAÇÃO ENTRE INTERRUPÇÃO DA TERAPIA INTRAVENOSA PERIFÉRICA E O LOCAL DE INSERÇÃO NOS DEDOS: COORTE PROSPECTIVA
Resumo
As veias dos dedos têm um diâmetro e fluxo sanguíneo significativamente menor em comparação com as veias do braço, como a basílica e a cefálica¹. Estes fatores, combinados com o pH dos medicamentos, o calibre do Cateter Intravenoso Periférico (CIP) e as características fisiológicas do paciente, podem resultar na remoção precoce do CIP. Objetivou-se determinar a associação entre a interrupção da terapia intravenosa periférica (TIP) e o uso de CIPs inseridos nos dedos. Realizou-se um estudo de coorte prospectivo em hospital escola terciário no Brasil, com pacientes adultos e idosos em uso de CIP, iniciado em dezembro de 2023, após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 70903823.8.3001.5231). Pacientes transferidos da unidade de terapia intensiva e aqueles com restrições de punção venosa no membro superior foram excluídos. O acompanhamento durou até a remoção do CIP, variáveis sociodemográficas, diagnósticos médicos, lista de medicamentos em uso, características relacionadas ao CIP e complicações da TIP foram coletadas. A análise estatística foi realizada utilizando regressão de Poisson com equação de estimativa generalizada (SPSS 25.0). Uma população inicial de 210 pacientes foi admitida nas unidades do hospital. O total de 139 pacientes (66,19%) foram excluídos, resultando em 71 participantes finais para análise. O tempo médio de acompanhamento foi de 4,6 dias. A idade média dos participantes foi de 58 anos, com predomínio do sexo masculino (60,6%). Dos participantes, 2 (2,8%) tiveram o CIP inserido no dedo, enquanto 13 (18,3%) no dorso da mão. A colocação do CIP no dedo mostrou associação significativa com a interrupção da TIP na análise de Regressão de Poisson não ajustada, com um RR de 12,23 (IC 95% 3,93-38,03) p <0,001. De maneira prática, a inserção de CIP no nos dedos das mãos carece de referências na literatura atual. A falta de menção do local em consensos internacionais² pode o configurar como um sítio de inserção não recomendado para este procedimento, o que está de acordo com os dados encontrados. Ainda assim, recomenda-se a continuidade do estudo com uma amostra maior reduzindo possíveis fatores de confusão. Concluiu-se que a inserção do CIP no dedo apresentou um risco estatisticamente significativo e relevante para a interrupção da TIP. Este estudo destaca a importância de revisar as práticas de inserção de CIP, especialmente nos dedos, e pode contribuir para a melhoria dos protocolos institucionais. Estratégias educativas e de supervisão multiprofissional devem ser desenvolvidas para prevenir a punção de veias não recomendadas pela literatura existente.