PNEUMONIA ASSOCIADA À VENTILAÇÃO MECÂNICA: ASPECTOS BACTERIOLÓGICOS DE PACIENTES EM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Palavras-chave: Pneumonia associada à ventilação mecânica, Resistência bacteriana a antibióticos, Unidade de terapia intensiva

Resumo

Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV) é uma complicação que ocorre em pacientes em uso deste dispositivo invasivo, sendo a infecção hospitalar mais comum entre pacientes em unidades de terapia intensiva (UTI)¹. Geralmente, a PAV é causada por patógenos multirresistentes (MDR), e, apesar dos recentes avanços em prevenção e novas terapias antimicrobianas, essa infecção está associada a dificuldades em estratégias terapêuticas adequadas. Dessa forma, esta questão permanece como um problema ao sistema de saúde, resultando em aumento do tempo de internação e taxas de mortalidade. O estudo objetivou determinar a bacteriologia e o perfil de resistência dos microrganismos isolados em aspirados endotraqueais (EA), em pacientes com PAV. Esse foi um estudo transversal descritivo sobre PAV em pacientes em UTIs de um hospital universitário. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE: 43013315.8.0000.5231). Foram incluídos pacientes admitidos em UTIs entre 1 de junho, 2017 e 31 de maio, 2019. Os dados dos pacientes submetidos à culturas de AE e que tiveram diagnóstico de pneumonia, associada ou não à ventilação mecânica, foram obtidos na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. A partir dos dados dos testes de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA) obtidos, os microrganismos foram classificados em MDR, resistência extensiva (XDR) e pan-resistentes (PDR) aos antimicrobianos. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o software SPSS (versão 22.0). Dos 1017 pacientes que realizaram cultura de AE, 555 foram diagnosticados com pneumonia, sendo 235 classificados como PAV, e, destes, apenas 153 preencheram os critérios clínicos e microbiológicos. Os microrganismos mais frequentes foram: Acinetobacter baumannii isolados em 41 (27%) pacientes; Staphylococcus aureus 18 pacientes (11,8%); Pseudomonas aeruginosa 12 (7,9%); A. baumannii + Klebsiella pneumoniae 7 (4,6%) e outros microrganismos (48,7 %). Sobre os perfis de sensibilidade antimicrobiana, dos isolados de A. baumannii, 95,5% (64) foram classificados como XDR e 3 (4,5%) foram classificados como sensíveis. Quatro isolados de K. pneumoniae (4,5%) foram classificados como PDR e 21 como XDR (61,8%). Além disso, 11 (44%) isolados de P. aeruginosa foram classificados como XDR (Tabela 1). A. baumannii é um dos patógenos mais presentes na etiologia de infecções hospitalares, sendo o mais encontrado em diversas análises de isolados de vias aéreas¹. No estudo em questão, A. baumannii foi identificado na maioria das culturas de AE, em culturas polimicrobianas ou em isolados únicos. O perfil mais comum em A. baumannii foi XDR. As únicas cepas PDR encontradas no estudo foram de K. pneumoniae, importante patógeno associado a infecção de vias aéreas inferiores em pacientes internados em UTI. Tais resultados corroboram com evidências de que tratamentos anteriores ou empíricos podem favorecer o surgimento de cepas resistentes². A PAV é responsável por pelo menos um quarto das infecções que ocorrem em pacientes criticamente enfermos e por cerca de metade das prescrições de antimicrobianos em pacientes ventilados mecanicamente³. Dessa forma, o conhecimento microbiológico dos patógenos isolados de pacientes com PAV pode auxiliar no correto manejo de antimicrobianos e alertar ao risco da crescente resistência bacteriana. 

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Biografia do Autor

Renato Rubia Garcia Junior, Universidade Estadual de Londrina

Estudante de medicina da Universidade Estadual de Londrina
Universidade Estadual de Londrina
Londrina, PR, Brasil

renato.rubia.garcia@uel.br

Rayane Alves dos Santos, Universidade Estadual de Londrina

Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas Universidade Estadual de Londrina

Londrina, PR, Brasil

rayane.alves.santos@uel.br

Roseane Galdioli Nava, Universidade Estadual de Londrina

Especialista em Análises Clínicas, na modalidade Residencia, no Hospital Universitário de Londrina

Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas

Londrina, PR, Brasil

 

Gerusa Luciana Gomes Magalhães, Universidade Estadual de Londrina

Mestrado em Fisiopatologia Clínica e Laboratorial

Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas

gerusalu@uel.br

Julia da Silva Pimenta, Universidade Estadual de Londrina

Mestrado em andamento em Fisiopatologia Clínica e Laboratorial

Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, PR, Brasil

julia.silva.pimenta@uel.br

Marsileni Pelisson, Universidade Estadual de Londrina

mestrado em Microbiologia pela Universidade Estadual de Londrina 

Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil,

marsileni@uel.br

Marcia Regina Eches Perugini, Universidade Estadual de Londrina

Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil

Doutorado em Doenças Infecciosas e Parasitárias

marciaperugini@uel.br

Eliana Carolina Vespero, Universidade Estadual de Londrina

Doutorado em Microbiologia

Departamento de Patologia, Análises Clínicas e Toxicológicas. Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil

elianacv@uel.br

Publicado
2024-12-06