Abdome agudo hemorrágico devido a aneurisma roto de artéria esplênica

Palavras-chave: abdome agudo, aneurisma roto, esplenectomia, laparotomia

Resumo

Os aneurismas arteriais consistem em uma patologia relativamente rara e potencialmente fatal, caracterizados quando uma artéria apresenta dilatação superior a 50% do seu diâmetro normal. No caso da artéria esplênica, diâmetros maiores que 1 cm são considerados como um aneurisma de artéria esplênica (AAE). O aneurisma de artéria esplênica desenvolve-se, por vezes, de modo assintomático, sendo descoberto de maneira incidental ou quando há manifestação de sintomas devido a sua ruptura. Como possibilidade de tratamento há o reparo cirúrgico. Esse relato tem por objetivos: relatar o caso de um abdome agudo hemorrágico e aneurisma de artéria esplênica; compreender a função da laparotomia exploradora em situações de abdome agudo hemorrágico e entender a escolha da esplenectomia como intervenção cirúrgica do caso em questão. Paciente feminina, 37 anos. Na admissão, queixava-se de dor abdominal difusa em forte intensidade. Ao exame físico, abdome distendido e doloroso à palpação, peritonite positiva. Como achados tomográficos, há dilatação aneurismática e dissecção do tronco celíaco, associado à oclusão da artéria esplênica. Realizou-se laparotomia exploradora que revelou grande quantidade de sangue intra-abdominal e sangramento do hilo esplênico. Foi realizado o clampeamento não individualizado das estruturas e esplenectomia, feita a ligadura com fio de algodão 2.0. Paciente evoluiu em bom estado geral no pós-operatório, estável hemodinamicamente e afebril. Os aneurismas de artéria esplênica (AAE) representam 5% dos aneurismas intra-abdominais, sendo maioria quando se consideram os aneurismas viscerais. Este evento tem prevalência quatro vezes maior em indivíduos do sexo feminino. Apesar de não se conhecer precisamente a causa dos AAE, dois eventos patológicos parecem agir sinergicamente para o desenvolvimento do quadro: um defeito na túnica média, com perda das fibras elásticas e de músculo liso e o aumento do regime pressórico ou do fluxo sanguíneo pelo vaso2. A maioria dos aneurismas de artéria esplênica ocorre no terço distal da artéria, podendo associar-se a outros aneurismas no mesmo vaso ou em outros locais. Embora majoritariamente assintomáticos, os AAE podem se manifestar com dor abdominal no quadrante superior esquerdo, massa abdominal pulsátil no local, ou choque hipotensivo secundário à ruptura do aneurisma. Os casos de ruptura são raros (2 a 10%), mas são eventos marcados por hemorragia importante. Os aneurismas de artéria esplênica são diagnosticados, na maioria das vezes, de forma incidental, ou, em casos sintomáticos, quando se rompem. Geralmente os AAE são achados durante a realização de exames de rotina, como a tomografia computadorizada helicoidal ou a angiorressonância magnética. As alternativas de tratamento são diversas e incluem ligadura vascular (seja por via aberta ou por videolaparoscopia), necessidade de esplenectomia (por conta da proximidade do aneurisma com o baço) e procedimentos endovasculares, como a embolização ou colocação de stent. As complicações pós-operatórias são incomuns e o acompanhamento preconizado deve ser feito com tomografia computadorizada ou ultrassom-Doppler. Conclui-se que, diante da situação clínica da paciente, fez-se a escolha da laparotomia exploratória pela necessidade de acesso com melhor visualização da área lesada, dada a quantidade de sangue presente na cavidade abdominal. Além disso, frente a identificação de sangramento no hilo esplênico, optou-se pela esplenectomia para controlar esse quadro hemorrágico e, assim, estabilizar a paciente.

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Biografia do Autor

Maria Beatriz Pereira Coelho, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.
E-mail: mbeatriz.pereira@uel.br

Gabriela Gonçalves da Silva, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Pedro Henrique Aniceto Silva, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Julia Favaro Brenny, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Emily Viana Barbosa, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Pamella Justo Barbosa, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Daniel Miguel Mauro, Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina

Médico atuaante  da graduação Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Publicado
2024-12-06