Má rotação intestinal congênita em adulto: relato de caso

Palavras-chave: abdome agudo, adulto, anormalidades congênitas, cirurgia geral

Resumo

A má rotação intestinal é uma anormalidade congênita que resulta da falha completa ou parcial da rotação intestinal no período embrionário, tendo como consequência o posicionamento anormal do intestino delgado. É uma entidade mais presente em neonatos, e rara em adultos. Os sintomas podem apresentar-se de forma insidiosa ou assintomática. Na presença de complicações evidenciam-se sintomas como dor abdominal intermitente, vômitos, intolerância alimentar, diarreia crônica, pancreatite, peritonite e transtornos da motilidade intestinal. O diagnóstico é muitas vezes realizado de forma acidental, sendo a tomografia o exame de escolha quando há suspeita da má rotação intestinal. Devido a rotação as alças intestinais fixam-se a parede abdominal por meio de bandas de peritônio, as bandas de Ladd. O tratamento compreende o procedimento eletivo cirúrgico de Ladd, ou seja, distorção do volvo presente, lise das bandas, realocação do intestino na posição correta e apendicectomia. Por se tratar de uma anormalidade rara em adultos, passível de gerar complicações, por meio desse caso, cooperamos para o melhor conhecimento do assunto, e, consequentemente, melhores tratamento e prognóstico aos pacientes. Assim, nesse relato abordaremos um abdome agudo em paciente adulto com má rotação intestinal e bandas de Ladd. Paciente do sexo masculino, 48 anos, chega ao pronto socorro com quadro dor abdominal difusa, náuseas e vômitos há 1 dia e constipação há 3 dias. Nega febre ou outras queixas abdominais. Apresenta-se em regular estado geral, dispneico, hipertenso, com
abdome doloroso e distendido, ruídos hidroaéreos diminuídos, sem peritonite. Nos exames laboratoriais demonstrava leucocitose e aumento de prova inflamatória. A tomografia revelou um posicionamento atípico do intestino delgado e cólon (figura 1).
Na vigência do abdome agudo refratário as medidas clínicas, juntamente com a confirmação por imagem foi realizada laparotomia exploradora, lise das bandas de Ladd e correção do posicionamento intestinal (figura 2). O paciente apresentou íleo
paralítico com melhora no quarto dia de pós-operatório, recebendo alta após seis dias da cirurgia. As bandas de Ladd, se não percebidas durante a fase neonatal, podem ser encontradas acidentalmente nos adultos assintomáticos. Quando há complicações, como nesse caso um abdome agudo obstrutivo, demonstra-se diagnóstico devido a atipia do quadro sintomatológico. Assim, o paciente pode
apresentar-se em regular estado geral com sintomas que mimetizam outras patologias, e pouquíssimas alterações nos exames laboratoriais. Outros exames como a ultrassonografia podem ser realizados, mas a tomografia apresenta a maior
acurácia diagnóstica. Nas opções terapêuticas, o procedimento cirúrgico em pacientes assintomáticos e sintomáticos, pode sanar os problemas presentes, evitar possíveis complicações futuras e restaurar a disposição anatômica do intestino do paciente. Isso é realizado por meio de laparotomia ou laparoscopia, onde se é
realizado o procedimento de Ladd. Portanto, com a análise e utilização de múltiplas ferramentas, somos capazes de oferecer ao paciente procedimentos que realmente, além de preservar sua vida, asseguram a qualidade dela.

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Biografia do Autor

Marcos Pedro Lem de Jesus, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.
E-mail: marcos.pedro.jesus@uel.br

Gabriela Hyppolito dos Santos, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Isadora Sampaio Belentani, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Thais Shimokava, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Samuel Alves da Silva, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

João Eduardo Yudi Hoepers Miyawaki, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Amanda Akemy Ferreira Odo, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Daniel Miguel Mauro, Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina

Médico atuante no Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Publicado
2024-12-06