HIPONATREMIA SEVERA LEVANDO AO DIAGNÓSTICO DE SÍNDROME DE SHEEHAN: RELATO DE CASO.

Resumo

A hiponatremia, definida como uma concentração de sódio sérico abaixo do limite inferior da normalidade ([Na+] < 135 meq/L), é o distúrbio hidroeletrolítico mais comum em pacientes hospitalizados. Geralmente de instalação gradual, pode ser precipitada por cirurgia, infecções, medicamentos, sobrecarga de água livre ou por distúrbios endocrinológicos relacionados a hipotireoidismo, deficiência de cortisol, síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético (ADH) e até mesmo síndrome de Sheehan (SS), que é uma forma de hipopituitarismo causado por necrose hipofisária consequente de hipotensão e/ou choque por hemorragia no período pós-parto. Este trabalho objetiva relatar um caso clínico de síndrome de Sheehan com base em um quadro de hiponatremia crônica. Paciente SJR, 79 anos, feminino, natural e procedente de Londrina, entrou no pronto-socorro hospitalar em 06/2022 encaminhada de uma Unidade de Pronto Atendimento local apresentando dispneia, tosse, febre e confusão mental há 2 dias. Diagnosticada com sepse de foco pulmonar e urinário, iniciada antibioticoterapia hospitalar. Durante a internação, os exames laboratoriais (Tabela 1) revelaram hiponatremia, hipotireoidismo secundário, hipogonadismo hipogonadotrófico e provável insuficiência adrenal secundária parcial. Sendo instituída reposição hormonal com glicocorticoide, mineralocorticoide e levotiroxina. Paciente relatou acompanhamento em Unidade Básica de Saúde por hiponatremia crônica. Sobre antecedentes obstétricos, paciente revelou hemorragia grave durante o parto, com necessidade de transfusão sanguínea há 37 anos. Apresentou melhora progressiva do quadro séptico e do quadro de confusão mental, tendo recebido alta 11 dias depois com [Na+] 130 mEq/L e [K+] 4,3 mEq/L. Em retorno ambulatorial, uma semana depois, mantendo as reposições hormonais, a paciente apresentou recuperação do estado geral com [Na+] 137 mEq/L, [K+] 4,2 mEq/L e atividade de renina de 0,26 ng/mL/h, tendo sido suspensa a fludrocortisona. Atualmente, segue em acompanhamento mantendo as reposições dos eixos tireotrófico e corticotrófico com levotiroxina 75µg/dia e prednisona 5mg/dia, sem reposição dos eixos gonadotrófico e somatotrófico. A anamnese detalhada com história clínica de complicação obstétrica pós-parto, quadro insidioso de hiponatremia e alterações hormonais indicativas de hipopituitarismo, o diagnóstico de SS pôde ser firmado. A imagem de tomografia computadorizada de crânio revelou sela túrcica vazia, corroborando o diagnóstico (Figura 1). A complicação neuroendócrina mais frequentemente associada à SS é o hipopituitarismo. As manifestações clínicas ocorrem pela insuficiência específica de cada um dos eixos hipofisários. A necrose é mais comum na hipófise anterior, com consequentes deficiências hormonais de graus variáveis: hipotireoidismo, insuficiência adrenal, hipogonadismo, agalactia, níveis baixos de somatotrofina. A sintomatologia pode ser aguda ou insidiosa e a hiponatremia pode estar presente. Este diagnóstico de SS tem sido extremamente raro em regiões mais desenvolvidas devido ao avanço da medicina obstétrica, porém permanece em regiões desfavorecidas, portanto o conhecimento desta síndrome ainda é importante nos dias atuais. Apresentamos um caso clínico de síndrome de Sheehan como causa de hiponatremia relacionada ao hipopituitarismo. A hiponatremia em idosos está relacionada a confusão mental, propensão a quedas, convulsões, déficit de coordenação e alteração de comportamento. O diagnóstico e tratamento adequados são essenciais para diminuir a morbimortalidade nesses pacientes.

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Biografia do Autor

Júlia Catusso Luz Costa, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.
E-mail: julia.catusso.l.c@uel.br

Bianca de Lima Ribeiro, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Bruna Matarazzo, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Isabela Naomi Maeoka, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Jéssika Victoria Canhada Alves, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Marjorie Mith Kanehussa, Universidade Estadual de Londrina

Estudante da graduação do Curso de Medicina da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Tânia Longo Mazzuco, Universidade Estadual de Londrina

Médica docente da Universidade Estadual de Londrina - Londrina, Paraná, Brasil.

Publicado
2024-12-06