ANAIS DO LERR - Laboratório de Estudos sobre Religiões e Religiosidades - ISSN 2526-5849

A Fenomenologia no Processo de Individiação a partir da Experiência Religiosa de Edith Stein

Josiel Artigas Machado — 2024-01-28

O artigo tem como objetivo investigar de forma sucinta o caminho percorrido pela pensadora judia/cristã Edith Stein na elaboração de sua concepção fenomenológica da individuação. Partindo do seu primeiro encontro com a fenomenologia de Edmund Husserl e a influência desta escola na elaboração de sua tese, tendo como base a teologia filosófica de São Tomás de Aquino. Pressupondo-se da análise de alguns textos escritos pela filósofa e teóloga Edith Stein, ao qual evidencia a individuação como um processo de profunda consciência de si baseado na reflexão sobre sua própria vida. Destaca-se, contudo, sua experiência existencial religiosa ao qual mostrou-se como um elemento fundamental no processo de elaboração do seu conceito de individuação. Concluiu-se que, a elaboração de sentido último do ser humano segue em direção ao momento em que o ser compreende seu propósito de vida como parte de um todo maior que transcende a espiritualidade na simbologia da cruz.

As relações e dissensões entre atores religiosos e atores políticos na compreensão e gestão dos fluxos migratórios.

Isabel Garcia Patrocino — 2024-01-28

Este artigo objetiva apresentar uma breve análise sobre os diferentes aspectos em que a proteção social se aplica, na esfera das políticas sociais e das instituições religiosas considerando os imigrantes como usuários. Através de pesquisa bibliográfica e da descrição de dados coletados pelo grupo de pesquisa SerSaúde da Universidade Estadual de Londrina nos anos de 2018/2019, discute-se como a Religião tem sido um elemento ativo entre os atores envolvidos na produção e aplicação das políticas públicas, mas que ao mesmo tempo, no caso dos imigrantes pesquisados, apresentam falhas na disseminação das informações e acesso à política do SUS.

DISCURSOS E POSTAGENS DE LÍDERES RELIGIOSOS QUE LEGITIMAM E DISSEMINAM AS NORMAS E VALORES QUE REFORÇAM A SUBALTERNIDADE DA MULHER NA SOCIEDADE

Ana Carolina Ribeiro Ruzycki — 2024-01-28

Este artigo tem como objetivo apresentar e analisar discursos e postagens feitas nas redes sociais digitais pelos líderes religiosos que reforçam a ideia de inferioridade da mulher em nossa sociedade. Queremos entender como em nossa sociedade patriarcal os papéis de gênero ficam pré-definidos e validados pelo cristianismo a partir dos valores e normas reforçados, visto que defendem abertamente em suas redes sociais e compartilham para seus fiéis/seguidores. Para cumprirmos nosso objetivo, levantamos postagens realizadas pelos líderes religiosos para analisarmos os seus conteúdos e expor em que medida esses discursos reforçam o papel de subalternidade da mulher. Ademais, realizamos revisão de literatura para termos embasamento teórico. Ao final da pesquisa, verificamos que as bases patriarcais, na sociedade brasileira, ainda são muito presentes, tanto que os líderes religiosos se apropriam e divulgam essa base em seus discursos e reatualizam suas maneiras de disseminação desses valores por meio das redes sociais.

RELIGIÃO E POLÍTICA

Luiz Ernesto Guimarães — 2024-01-28

O presente trabalho busca analisar a maneira como o chefe do executivo no município de Barbacena-MG se apropria da religião no cotidiano político. Eleito em 2020, logo após exercer seu primeiro mandato como vereador pelo MDB, empregou elementos religiosos bem como um discurso afinado com a pauta moral, muito valorizada no segmento conservador. Jovem líder na Renovação Carismática Católica (RCC) com expressivo reconhecimento em Barbacena e região, a maneira como desenvolveu sua campanha política contribuiu para que obtivesse êxito no pleito eleitoral, valendo-se da crescente onda conservadora evidenciada no contexto político nacional de 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro. Assim, esta pesquisa busca analisar os discursos, ações e posições de governo por meio de suas redes sociais, principalmente o Instagram, em seu primeiro ano de mandato - 2021. A hipótese lançada pela pesquisa é que o atual prefeito de Barbacena consegue equilibrar bem suas principais bases de apoio, quando rotineiramente publica em seu perfil pessoal assuntos de viés religioso ao mesmo tempo em que busca retratar uma imagem positiva de seu mandato. Para isso será feito o levantamento das postagens relacionadas ao tema da religião, bem como os comentários de seguidores. O conteúdo será sistematizado e organizado em categorias de análise, de forma que seja possível compreender melhor a presença de aspectos religiosos no primeiro ano de seu mandato.

GÈLÉDÉ

André Felipe Vieira — 2024-01-28

Este trabalho tem o intuito de analisar o papel do feminino para os Iorubás na atualidade, que através dos festivais de Gèlédé realizam a sua reafirmação na sociedade Iorubá. A função da mulher é de grande importância para maioria dos povos africanos, e principalmente aos Iorubás, que afirmam isto através dos Gèlédé. A mulher tem grande papel na sociedade e se torna a responsável pela sua organização social. Sempre que há alguma grande problemática, que possa causar desordens, é recorrido as mesmas para resolver a situação.

Os autores Diop, Amadiume e Oyêwùmí, que escreveram sobre o matriarcado nas sociedades africanas, juntamente com os autores Omis e Sàlámi, foram as principais referências utilizadas nesta análise. A participação de dois festivais de Gèlédé, como também a entrevista de um sacerdote Iorubá, foram utilizados como metodologia e fonte. O primeiro festival foi realizado no período da noite do dia 14 de janeiro de 2022, o segundo festival foi no período da tarde do dia 15 de janeiro de 2022, e a entrevista no dia 11 de janeiro de 2023.

O FENÔMENO DA NOVA ERA NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DURANTE A PÓS-MODERNIDADE.

David de França Brito — 2024-01-28

A presente pesquisa se caracteriza pelo estudo da representação da identidade na população ocidental no contexto do final do século XX e começo do século XXI com ênfase na influência do movimento Nova Era brasileiro. Busca através da leitura da bibliografia analisada compreender o fenômeno do sincretismo cultural que ocorre na construção da identidade do sujeito pós-moderno, percebendo os efeitos que esse provoca nas manifestações religiosas contemporâneas. Levanta-se questões referentes ao contexto cultural contemporâneo e a influência desse na construção da identidade dos sujeitos. O estudo consiste em uma análise da construção de identidades religiosas e/ou de espiritualidade dos sujeitos contemporâneos. A pesquisa identifica forma de construção da identidade pós-moderna, analisando como a sociedade se comporta, para então, entender como a religiosidade se enquadra nessa construção. É utilizado a obra Modernidade Líquida de Zygmunt Bauman, e A Identidade Cultural na Pós-modernidade de Stuart Hall que serve de material ao presente estudo junto com a publicação de José Guilherme Magnami, O Brasil na Nova Era, que demonstra a normalização do sincretismo religioso no contexto brasileiro. O método de análise dos registros históricos consiste em um tratamento analítico da biografia trabalhada. Resultados serão analisados através da perspectiva da identidade pós-moderna para observar como as fontes significam a construção da identidade religiosa presente em sujeitos contemporâneos.

UM FEMINISMO ATEÍSTA? O ESTUDO DE CHRISTINE OVERALL

anna jullia Santana Marques Ferreira — 2024-01-28

O presente trabalho de conclusão de curso (TCC) aborda a relação entre feminismo e ateísmo na obra da filósofa Christine Overall como proposição na construção de uma perspectiva conceitual de um feminismo ateísta. O objetivo geral do estudo é destacar o sentido da relação entre feminismo e ateísmo no trabalho de Overall. Em termos específicos o TCC apresenta as abordagens conceituais sobre feminismo e ateísmo. O texto utiliza a abordagem teórica e metodológica da história dos conceitos do historiador Reinhart Koselleck para avaliar a abordagem conceitual de Overall.

O RETORNO A FÉ

Pedro Henrique Klauser Siqueira — 2024-01-28

Investiga a trajetória de vida de ex-ateístas, buscando compreender os diferentes caminhos individuais na mudança da identidade religiosa no Brasil contemporâneo. A pesquisa é dividida em três capítulos. O primeiro explora a influência da religião na história do Brasil, destacando a aliança Estado-Igreja Católica no período colonial. O segundo aborda o perfil religioso contemporâneo, com mudanças na composição religiosa e a ascensão do ateísmo, ressaltando o fenômeno do trânsito religioso. O terceiro capítulo analisa relatos orais de ex-ateus/atéia, explorando suas trajetórias de formação, transição ao ateísmo e retorno à fé. A pesquisa utiliza a história oral para capturar a subjetividade. Os relatos refletem diversidade de razões para o ateísmo e a fé, enfatizando a complexidade da formação da identidade religiosa e pessoal, bem como o respeito mútuo entre diferentes visões.

ANÁLISE FÍLMICA DE 'DEUS NÃO ESTÁ MORTO

Kayan Mendes Silva — 2024-01-28

Este trabalho realiza uma análise aprofundada do filme "Deus Não Está Morto" e sua relevância na sociedade contemporânea. Por meio de técnicas de análise fílmica e abordagens históricas, examinamos como o filme retrata o conflito fundamental entre fé e secularismo. Isso envolve uma investigação da interpretação de Nietzsche sobre a "morte de Deus" e sua crítica aos valores metafísicos, que o filme aborda de maneira intrincada. Além disso, reconhecemos a mensagem apologética e evangelizadora que o filme comunica, mesmo que seja objeto de críticas devido à sua manipulação e abordagem polêmica de temas religiosos. Na análise, destacamos não apenas os aspectos técnicos e estéticos do filme, mas também o impacto emocional da trilha sonora, com base nos princípios da obra "Análise do filme" de Aumont e Marrie. Adicionalmente, estabelecemos conexões com o trabalho de Edward Hallet Carr, ressaltando a importância das perspectivas contemporâneas na interpretação histórica, e comparamos a abordagem filosófica e religiosa de Johann Gustav Droysen. Essa pesquisa visa contribuir para uma compreensão mais profunda das complexas interações entre religião, filosofia e sociedade na era atual.

O Martírio e Memória na Carta Martyrium Polycarpi.

Diego Henrique Sanches da Silva — 2024-01-28

O presente trabalho tem por objetivo a análise da carta do martírio de Policarpo de Esmirna (Martyrium Polycarpi), onde o martírio apresenta-se como fenômeno de tipo religioso, historicamente delimitado, com toda a sua carga simbólico-sagrada. O martírio, como experiência religiosa própria do cristianismo nascente, dos séculos I e II d.C., constituirá um verdadeiro ideal de vivência daquela fé; demarcará o “ethos” cristão das primeiras comunidades; sacralizará a figura do mártir e criará “lugares de memória” e do sagrado. O Martyrium Polycarpi, escrito em forma epistolar, descreve um martírio “segundo o Evangelho” (Mart. Poli., 1,1), ou seja, suas partes e detalhes estão repletos de referências às escrituras neotestamentárias. Ele também se reveste do sentido do sagrado, pois assim que o martírio se cumpre, as perseguições ao grupo cessam, como se o fato religioso possuísse uma “Potência” capaz de aplacar a fúria dos perseguidores e restabelecer a paz na comunidade dos crentes.

A permanência do autoritarismo de extrema direita no Brasil

Rogério Martins Marlier — 2024-01-28

A existência de movimentos autoritários de extrema-direita no Brasil não é um processo novo, mas adquiriu contornos amplos nas últimas duas décadas do séc. XXI por conta de vitórias eleitorais e a formação de uma hegemonia conservadora em diversos estados brasileiros. Por outro lado, a pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), “Medo da violência e o apoio ao autoritarismo no Brasil: Índice de propensão ao apoio a posições autoritárias” de 2017 antecipou uma tendência crescente da legitimação popular de discursos autoritários e violentos na política. O apoio em massa aos movimentos que questionavam a democracia despertou o interesse de pesquisadores de ciências humanas e sociais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é apresentar apontamentos teóricos para a compreensão do conceito de autoritarismo a partir da perspectiva da Escola de Frankfurt e suas contribuições para a conjuntura atual. A teoria crítica contribui para entender essa legitimação enquanto reflexo de estruturas sociais mais abrangentes, decorrentes da dinâmica socioeconômica desigual que despersonifica a formação das identidades humanas, e possibilita o apoio às ações baseadas na obediência à uma visão de mundo que estabelece uma hierarquia rigorosa entre superiores e inferiores. Dessa forma, os trabalhos da teoria crítica frankfurtiana contribuem para o debate sobre o autoritarismo de extrema-direita brasileiro.

Catolicismo no contexto das migrações e imigrações em Londrina (1930-1950)

Thamires Machado do Nascimento Bafa — 2024-01-28

A presente comunicação tem como objetivo central entender a influência da imigração de grupos religiosos católicos no processo de formação da cidade de Londrina. Em desenvolvimento a partir das atividades realizadas pelo Projeto de Pesquisa “O Fenômeno Religioso em Londrina: história e historiografia (1930-1950)”, o trabalho possui duas frentes principais de atuação. Em primeiro lugar, busca mapear as produções acadêmicas sobre a presença do catolicismo nas primeiras décadas de existência de Londrina. Em segundo, analisar as fontes primárias produzidas no período por órgãos eclesiásticos, governamentais e jornalísticos. A metodologia aplicada se baseia no método indiciário de Carlos Ginzburg. A base teórica é fundamentada no conceito de campo religioso de Pierre Bourdieu. A partir das análises iniciais das fontes é possível apontar alguns resultados prévios como a forte influência da ideologia católica na construção das relações cotidianas londrinenses, como demonstrado em diversas reportagens do Jornal Paraná-Norte. Além disso, os primeiros grupos católicos a chegar na cidade possuem origem alemã, sob atuação da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), como indica a documentação produzida e arquivada pelas irmãs claretianas responsáveis pela fundação do Colégio Mão de Deus em 1936.

Crenças, migrações e as populações indígenas na (re)ocupação do norte do Paraná

Igor Henrique Dos Santos — 2024-01-28

Este trabalho é parte do projeto de pesquisa O Fenômeno Religioso em Londrina: história e historiografia (1930-1950), com recorte de estudo no grupo Kaingang, povo caracterizado, também, pelo forte movimento migratório, motivado por diferentes aspectos internos e externos ao grupo, espalhando-os de São Paulo ao Rio Grande do Sul e à Província de Misiones, na Argentina. Identificou-se trabalhos produzidos sobre as crenças e religiosidade Kaingang para aprofundar o conhecimento desses aspectos; contribuir para a nova história indígena na região; e compreender a relação, o impacto e as consequências na religiosidade e crença Kaingang ocasionados pela interação com os migrantes não indígenas. A partir de três principais autores: Michel de Certeau, Pierre Bourdieu e François Hartog, as fontes selecionadas foram catalogadas e analisadas para tentar responder uma questão central: que referência há nas produções acadêmicas ou memorialistas sobre a presença da população indígena na história de formação e desenvolvimento de Londrina, sobretudo em relação às suas crenças ou práticas religiosas? Os principais resultados parciais obtidos são: a importância de ampliar o entendimento do que seriam demonstrações religiosas, ou seja, aspectos "cotidianos" também podem fazer parte dessas demonstrações; o impacto da invasão do território indígena por migrantes nas crenças e religiosidade; e alguns elementos religiosos que resistem e marcam a identidade Kaingang diante da presença migratória.

MIGRAÇÕES E RELIGIOSIDADE EM CONTEXTOS MARGINAIS:

Wander de Lara Proença — 2024-01-28

O texto dessa comunicação é parte do projeto de pesquisa O fenômeno religioso em Londrina: história e historiografia (1930-1950), em andamento, vinculado à Universidade Estadual de Londrina. Tem como objetivo dar visibilidade às religiosidades ocorridas em contextos marginais, a partir da presença migratória formadora de Londrina: vivências de religiosidades não previstas na idealização da região pelos moldes do cristianismo católico ou protestante, assim como o exercício do trabalho que fugia à noção apontada por Max Weber ao analisar capitalismo associado à religião. A diversidade de grupos migrantes formadores da região contribuiu para que a “cidade-jardim” fosse assim invadida por “ervas daninhas”, com práticas desviantes, encantadas e mágicas, florescidas ao lado do ouro verde cafeeiro. Como metodologia, a catalogação de textos memorialistas, obras acadêmicas, oralidades e vestígios materiais, para uso como fontes de pesquisa, a partir do método indiciário, de Carlo Ginzburg. Em termos teóricos, o emprego conceitual de campo religioso, de Pierre Bourdieu. Como resultados prévios obtidos sobre o período em estudo, constatam-se: indícios de práticas de curandeirismo; venda de remédios milagrosos nas ruas; benzimentos; oferta de serviços de magia para solução de problemas amorosos, familiares ou no trabalho; predição do futuro por videntes e ciganos; devoção a santos nas casas de prostituição; devoção ao Monge João Maria; causos circulantes sobre lobisomens e fantasmagorias; conflitos com segmentos religiosos hegemônicos no campo, dentre outros. Novos resultados sobre o passado regional são esperados por outros indícios que a pesquisa ainda em andamento revelará.

O BON-ODORI DE CAMPO GRANDE/MS E O ENTRELAÇAR DAS ANTROPOLOGIAS DA ARTE E DA RELIGIÃO

Glícia Aparecida Gomes Souza — 2024-01-28

inserir o resumo

ARTE E AGÊNCIA RELIGIOSA

Giulia Villa — 2024-01-28

Pensar sobre os museus e a arte é se aproximar de temas muito presentes na antropologia, como a alteridade já que é nos gabinetes de curiosidades, que se reuniam objetos etnográficos, onde podemos dar o início do que entendemos hoje enquanto museus etnográficos. Se ainda hoje a dimensão dos museus e das artes é marcada por etnocentrismos e relações desiguais de poder, mesmo com políticas que trabalham em prol de modificações frente a esse contexto, a gênese das coleções etnográficas foi marcada por questões hoje tidas como passíveis da tecitura das mais variadas críticas. Por isso, a partir de dois momentos de encontro entre museus e objetos cerimoniais ou religiosos (ritual e funerário, respectivamente), um com o manto tupinambá e outro com o corpo de uma criança indígena, realizaremos uma reflexão antropológica sobre os usos, os dilemas e as novas propostas que os museus têm produzido sobre tais coisas, antes nomeadas objetos etnográficos. Para tal, foram realizadas discussões sobre museus e coisas, tanto a partir do arcabouço teórico desenvolvido pelo Grupo de Estudos Antropologias dos Museus e das Artes (GAMA) da UFMS/Campo Grande, do qual somos bolsistas, quanto de leituras específicas à temática aqui proposta. Com isso, pretendemos apresentar uma discussão que demonstre as múltiplas facetas museológicas no tratar de suas coleções etnográficas, citando o exemplo do campo religioso.

A Igreja Ortodoxa de São Nicolau em Joaquim Távora - Paraná

Milena Pondé Fonseca — 2024-01-28

Resumo: Há quase mil anos, o Cisma do Oriente dividiu a Igreja Cristã em duas: a Igreja Católica Apostólica Romana e a Ortodoxa. Nesta nova organização, algumas características diferentes consolidam a separação destas instituições, gerando confusão sobre o que de fato é a Igreja Ortodoxa. Essa denominação cristã é o tema deste trabalho, com enfoque na Igreja Ortodoxa de São Nicolau, na cidade de Joaquim Távora, no estado do Paraná. Como objetivo, pretende-se elucidar ao longo deste artigo um pouco sobre os ritos, crenças, organização e história da Igreja Ortodoxa ao longo do tempo, visto que é um segmento cristão com poucos adeptos no Brasil, apesar de existirem vários grupos atuando no país. A metodologia empregada neste trabalho foi o levantamento bibliográfico, reunindo notícias, artigos e trabalhos de conclusão de curso (TCC’s). Pretendeu-se também contribuir para com a expansão da área, principalmente no âmbito regional da mesorregião do Norte Pioneiro paranaense. Mauricio Loiacono (2005) e Mariana Gomes Ribeiro Rocha (2021) foram os autores empregados na fundamentação teórica deste artigo, enriquecendo as informações sobre a organização clerical da Igreja Ortodoxa; já Paulo Augusto Tamanini (2013) contribuiu para esclarecer alguns conceitos importantes e esclarecer a dificuldade de uma reunificação entre as igrejas Católica e Ortodoxa.

LOWANI NIDJIENIGI(FEM.), LOTANI O “MARACÁ” DO CURANDEIRO EJIWAJEGI E O PODER DE SE COMUNICAR COM OS ESPÍRITOS

Maria Raquel da Cruz Duran — 2024-01-28

Este trabalho pretende explanar sobre algumas das propriedades de cura realizadas pelos nidjienigi, que é como os Ejiwajegi denominam seus curandeiros, transmitidas com o auxílio dos seus maracás, chamados de cuias (lotani) por este povo. Os Kadiwéu, que se autodenominam Ejiwajegi, são um dos oito povos indígenas que habitam o Mato Grosso do Sul, sendo conhecidos nacional e internacionalmente por seu modo de guerrear e de fazer arte. Para este povo, o curandeiro é aquele que evoca os naimais (traduzidos como espíritos) que trazem a cura através do nosso curador, o gonikilagatatogodi. Neste processo, o uso do maracá é fundamental para o livramento de males entre famílias, sendo que tal prática era recorrente em tempos antigos, mas hoje tem sido ameaçada de diversas formas - entre as quais o avanço do cristianismo nas aldeias e a diminuição da existência de curandeiros, que transmitiam para a próxima geração seus conhecimentos e práticas -, embora mantenham-se na memória de muitas pessoas. Para compreender melhor esta temática, acessaremos os conhecimentos primordiais deste grupo a partir da observação participante e do trabalho de campo, especialmente no Libatadi, a aldeia Alves de Barros (Terra Indígena Kadiwéu, Porto Murtinho/MS), objetivando estabelecer interpretações destes relatos com base nas antropologias da religião e da arte. Como resultado, esperamos compreender melhor e valorizar estes saberes.

O USO DE BIOGRAFIAS DE MULHERES MISSIONÁRIAS NA REVISTA GRAÇA/SHOW DA FÉ

Joice Viviane Silva — 2024-01-28

Este trabalho tem como objetivo analisar como a Revista Graça/Show da Fé publicada pela editora Graça Artes Gráficas e Editora Ltda, pertencente a Igreja Internacional da Graça de Deus, utiliza biografias de mulheres missionárias protestantes para exemplificação de vida religiosa. A revista, fundada em 1.999, disponibiliza suas edições mensais em versão online e gratuita desde fevereiro de 2020. Entre as edições digitais publicadas até setembro de 2023, no segmento de reportagens chamado “Heróis da Fé”, foram apresentadas sete biografias de mulheres missionárias, entre elas, as de Lottie Moon (1840-1912) e Lilias Trotter (1853-1928) que serão analisadas neste artigo. A partir das reflexões de François Dosse sobre biografias, e as considerações de Magali Cunha e Karina Bellotti sobre a relação entre mídia e religião, pretendo examinar quais aspectos dessas biografias são destacados para exemplificação de vida e práticas religiosas. Este estudo visa também contribuir para os estudos acadêmicos que buscam compreender a constituição do espaço biográfico missionário protestante na mídia.

“Mas ela é loura dos olhos azuis, Maria Padilha filha de seu Omolu”: a branquitude no terreiro e as possibilidades de sua corrosão pelo agenciamento simbólico presente no candomblé

Gabriel Pereira Garcia — 2024-01-28

O presente trabalho destina-se a uma reflexão sobre como os elementos simbólicos que integram a cosmologia do candomblé interagem com seres brancos que ingressam nesse universo. A partir da experiência etnográfica em trabalho de campo realizado em um terreiro de candomblé de Campo Grande – MS, o Axé Nascente, pudemos observar que a forma ritual de culto à pombagira Maria Padilha aproxima-se daquela costumeiramente destinada aos orixás do panteão iorubano, subvertendo uma lógica pautada na pureza e tradição tão requisitadas nos discursos dos afro-religiosos. Ao habitar um terreiro e convivendo com os orixás, mais que embranquecer essa experiência, Maria Padilha é empretecida nesse ambiente, o que nos permite analisar como o universo simbólico e ritualístico podem proporcionar um ambiente de possível corrosão da branquitude. Afinal, se “ela é loura dos olhos azuis”, também é “filha de seu Omolu”; seu ponto cantado revela que é branca e filha de preto – o orixá Omolu. Por isso, a partir dos dados colhidos durante o trabalho de campo e com o suporte teórico clássico e contemporâneo da antropologia das religiões de matrizes africanas, propõe-se essa reflexão a respeito da corrosão da branquitude agenciada pela cosmologia do candomblé.

MINI PEOPLE IN THE JUNGLE

Emanuele Soares Bacha — 2024-01-28

Dawid Planeta, um artista polonês, criou a série "Mini People in the Jungle" para representar artisticamente sua batalha contra a depressão. Ao explorar a influência do transtorno depressivo na obra do artista, busca-se por meio de uma perspectiva antropológica compreender o papel da arte como tradutora, intérprete, ou ainda, transmissora e agenciadora de reflexões sobre transtornos depressivos, entendidos como fenômenos culturais e sociais, além de físico-psíquicos. Tal interpretação do transtorno depressivo amplia o debate sobre a arte, abrangendo questões como as de identidade, cultura e sobre a própria noção de arte, entendendo-a também como um recurso terapêutico. É relevante relacionar os benefícios da arteterapia na obra de Planeta com os benefícios terapêuticos presentes na religião, pois o envolvimento religioso está correlacionado com resultados positivos na saúde mental, atribuídos à capacidade da religiosidade de promover energias positivas e comportamentos construtivos, conforme estudos epidemiológicos mencionados por Murakami e Campos (2012). Para chegar a esse ponto, utilizaremos metodologias provenientes dos campos acadêmicos da antropologia, como por exemplo, a antropologia das emoções, da saúde, da terapia, da arte e da religião. Aqui, buscamos como resultado entender a arte como linguagem, mas também como agente de transformação dupla: do artista e do próprio movimento artístico.

As espiritualidades ateístas de André Comte-Sponville e Sam Harris

RAFAEL QUINTANILHA — 2024-01-28

À religião tem sido atribuída, seja pelo senso comum ou por uma determinada tradição acadêmica, a tarefa de fornecer subsídios existenciais para que as pessoas lidem com as mazelas do mundo. Apenas ela seria capaz de organizar as experiências cotidianas individuais numa grande narrativa capaz de justificar a existência do sofrimento individual e da injustiça social. Entretanto, a partir de uma teoria historiográfica da religião, proposta por Talal Asad (2010), sabe-se que este lugar designado à religião é fruto de um processo de secularização gestado no seio das sociedades ocidentais; e, portanto, quando aplicada, esta compreensão causa ruídos analíticos e sociais, principalmente no tocante às categorias relacionadas historicamente à tradição religiosa, dentre elas, a espiritualidade. Em diálogo com a minha pesquisa de doutoramento sobre “morte e ateísmo”, o presente trabalho tem como objetivo investigar comparativamente as propostas de uma espiritualidade ateísta feitas pelo filósofo André Comte-Sponville (2007) e pelo neurocientista e filósofo Sam Harris (2015). Partindo dos conceitos êmicos dos autores, espera-se compreender a capacidade dos ateísmos de fornecer subsídios existenciais sem que estes sejam compreendidos aos moldes de uma forma religiosa, tal qual faz Flávio Gordon (2010), ao descrever o neoateísmo como uma “religião política”.

CONCEPÇÕES RELIGIOSAS PUBLICADAS EM REDES SOCIAIS

Ana Clara Rusisca Rodrigues — 2024-01-28

O presente artigo tem por propósito verificar a reprodução das normas religiosas expressas por meio de publicações em redes sociais, realizadas e compartilhadas por mulheres. Posto a estrutura patriarcal da sociedade, somado a um terreno fértil para o alastramento conservador – terreno interpretado neste artigo partindo do cenário eleitoral brasileiro de 2022, as redes sociais foram utilizadas como instrumento de propagação das mais diversas concepções. Nesse sentido, a fim de se compreender a relação estabelecida entre gênero, religião e conservadorismo, utilizou-se previamente revisões de literatura a respeito do tema. Em um momento posterior, foi utilizada como metodologia o levantamento de postagens no Instagram, elaborando interpretações do modo em que as mulheres expressam seus valores religiosos e manifestam suas perspectivas nas redes sociais. Em suma, conferiu-se que as redes sociais digitais atuam como um aliado na reprodução de normas religiosas, sendo um aparato na legitimação de concepções conservadoras e patriarcais.

Catolicismo e anticomunismo no Brasil

DIONATAN SOUZA DE MOURA — 2024-01-28

O presente artigo tem como finalidade mostrar uma das múltiplas faces do catolicismo e anticomunismo no Brasil durante o século XX, dentre elas nos interessa especialmente o discurso anticomunista de D. Geraldo de Proença Sigaud (1909-1999) e sua atuação na Sociedade de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (TFP). Nosso objetivo neste trabalho é compreender e problematizar a formação do anticomunismo a partir de sua visão de mundo, para tanto, faremos uso de algumas fontes históricas essenciais tais como: A Carta Pastoral de Saudação (1947), Carta Pastoral sobre a seita comunista (1962) e O Catecismo anticomunista (1963) , além de algumas fontes de periódicos da década de 60 do Jornal Tribuna do Norte da cidade de Jacarezinho/PR. Como metodologia fazemos uso da História dos Discursos proposta por Barros (2021), dando ênfase ao triângulo de comunicação que consiste em: “lugar de produção”, “conteúdo” e “lugar de recepção”. Também utilizamos o Domínio de História das Religiões e seu campo temático de História Eclesiástica conforme postulado por Jacqueline Hermann (1997). Por fim, podemos considerar, conforme já posto por Silva Jr (2013) e Caldeira (2015), que D. Sigaud representou o extremo do conservadorismo católico no século XX e consequentemente foi um dos maiores bispos anticomunistas da História da Igreja no Brasil.

O Poder do Carisma da Cantora Mara Lima

Caio Rodrigo Fier — 2024-01-28

É comum no Brasil a religião adentar o espaço público e, em especial no campo da política, firmar presença decisiva em eleições. A fim de fazer um exercício analítico a partir desse tema geral, propomos analisar a trajetória política da Cantora Mara Lima, com o objetivo de entender como a candidata acionou seu carisma nas eleições à Assembleia Legislativa do Paraná, nas disputas de 2014, 2018 e 2022, concomitante ao apoio da estrutura eclesiástica da Assembleia de Deus (AD). Realizamos a coleta e sistematização de materiais publicados nas mídias sociais nos três pleitos eleitorais, constituídos por flyer, lives, vídeos, santinhos, entre outros. Concluímos que o êxito eleitoral se deve ao carisma individual que a candidata produz por meio da performance e histórico de sua carreira gospel somado ao apoio e capilaridade estadual da estrutura da AD; continuidade na defesa das pautas morais, pois esta foi a principal bandeira da candidata e que lhe garantiu parte da produção de seu carisma; estratégias para a manutenção e circulação do carisma da cantora candidata nos diferentes espaços e templos das igrejas.

INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS E AS POPULAÇÕES IMIGRANTES E MIGRANTES:

denise martins americo de souza — 2024-01-28

O artigo é parte do projeto de pesquisa “O fenômeno religioso em Londrina: história e historiografia (1930-1950)”, em andamento, vinculado à Universidade Estadual de Londrina. Tem como objetivo dar visibilidade às instituições religiosas, educacionais e médicas nas suas continuações, semelhanças e diferenças estabelecidas no contexto de populações migrantes e imigrantes, em Londrina entre os anos de 1930-1950. A diversidade de grupos migrantes e imigrantes formadores da região contribuíram para que através da pesquisa fosse realizado o levantamento do papel dessas instituições estabelecidas na cidade de Londrina. A presença de instituições religiosas com discursos de acolhimento, cuidado ou preservação dos princípios e valores propagados na cidade, possibilita a pesquisa sobre a temática. Por isso, buscar entender como os populares construíram os modos de representação e a apropriações da realidade a partir das instituições, será o caminho metodológico investigativo fundamentado em Roger Chartier. Como fonte, são utilizados textos que resgatam a memória sobre as instituições religiosas em Londrina, obras acadêmicas, e bibliografias sobre o contexto histórico do período delimitado. A pesquisa revela, na contextualização histórica, a criação de um núcleo urbano e de uma infraestrutura para receber trabalhadores da Companhia de Terras Norte do Paraná e migrantes interessados na compra de terras, que posteriormente irá se configurar como: hospitais, escolas, creches, dentre outros. Novos resultados ainda são esperados à medida que outros indícios são detectados pelo avanço da pesquisa.

Pode um gay entrar no reino dos céus? A religião na trajetória de Toni Reis

Izabela de Paula Gomes — 2024-01-28

Resumo: A abordagem biográfica ganhou impulso teórico-metodológico a partir da micro-história e da história social, trazendo para o centro das discussões as vivências de sujeitos até então esquecidos e colocados à margem da sociedade. O presente trabalho tem como objetivo compreender como a religiosidade está presente na trajetória de Toni Reis, gay, professor, ativista e um dos fundadores do Grupo Dignidade, grupo que atua na promoção da cidadania e dos direitos da população LGBTQIA⁺ em Curitiba, Paraná. Como material empírico utilizamos dois livros autobiográficos de Toni Reis: “Direito de amar: a história de um casal gay” e “Família Harrad Reis: de todas as cores e todos os amores”. Para analisar os sentidos e significados que a religião representa a partir das produções construímos dois eixos temáticos: 1) o processo de descoberta e autoaceitação enquanto sujeito homossexual; e 2) aspectos religiosos na constituição da família. A partir da trajetória de Toni Reis podemos entender e problematizar os diálogos e tensões vividos pelo personagem, em especial na interface de sua experiência junto à comunidade LGBTQIA+ e a religião a qual professa.

WORSHIP NO BRASIL: JUVENTUDE, MARKETING RELIGIOSO, IDENTIDADE NO INTERIOR DA IGREJA EVANGÉLICA.

Andressa Fernanda Arruda — 2024-01-28

O presente trabalho tem como objetivo analisar os fatores que contribui para o aumento da juventude nos bancos
das igrejas evangélicas brasileiras nos últimos anos. O movimento Worship saiu do interior das igrejas pentecostais
estadunidenses no início do século XX, e no Brasil atualmente pastores e líderes evangélicos estão adotando o
estilo “ worship” para atrair o maior número de jovens e adolescente para as suas igrejas. Esses líderes investem
em luzes chamativas, ambiente escuro, músicas emocionais, pregações estilo coaching, células ( pequenos grupos)
e outros meios para tornar a igreja um espaço mais moderno, atraindo também a classe média que procura lugares
e discursos que confirmem as suas visões de mundo.
Através da pesquisa de autores como Taylor Aguiar, André Prado, Eduardo Meinberg, Carla Dendasck será
mostrado as diferentes facetas do movimento “ worship”, apresentando conceitos como identidade, Marketing
religioso, pertencimento, tendência de culto, cultura de adoração e estilo musical.

OS IMPACTOS HUMANITÁRIOS DO PENSAMENTO TEOLÓGICO DO PAPA FRANCISCO:

Fábio Antônio Gabriel — 2024-01-28

Resumo: A presente investigação se contextualiza na análise dos impactos humanitários do pensamento do papa Francisco. O objetivo se norteia pela análise das contribuições para a humanização da sociedade, tendo, como ponto de partida, ensinamentos para acolhida de homossexuais (ao menos discursivamente), tratamento não discriminatório dos casais em segunda união, abertura para o debate sobre a admissão de clérigos casados (como foi debatido no sínodo da Amazônia) e a preocupação ecológica. Esses entendimentos evidenciam uma guinada em relação às ideias de Bento XVI pelo ensinamento do magistério papal de Francisco. A metodologia será a análise textual de partes dos documentos emitidos pelo atual papa. A pesquisa discute a questão: Mesmo tendo à frente uma autoridade tão humanitária, por que a Igreja Católica Apostólica Romana mantém a discriminação da pessoa em nome da fé? À luz dos questionamentos em relação ao Vaticano II, também perguntamos: Será Francisco um herege ou um verdadeiro religioso? Não nos interessa, nas ciências da religião, um debate teológico, mas o impacto social e político de um posicionamento tão contundente do papa Francisco em relação a temas humanitários atuais e por que tamanha resistência em aceitar o que é proposto pela suprema hierarquia canônica.

PLASTICIDADE TERRITORIAL DIOCESANA: O CASO DO EPISCOPADO DE JACAREZINHO – PARANÁ (1926-2023).

Helison Lázaro de Souza — 2024-01-28

O presente artigo aborda a constituição do território eclesiástico de Jacarezinho em três momentos de organização religiosa territorial de 1926 a 2023. Pretende-se compreender como a plasticidade territorial eclesiástica acompanha a sociedade e almeja se estabelecer para difusão religiosa. Seja no passado ou presente, adapta-se no espaço para o contínuo de suas ações, com inserções de elementos visuais e devocionais atualizados, demonstrando ações espaciais desse episcopado, fração regional da herança histórica da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR), como observa-se nos contextos históricos, possuindo a capacidade de adaptação ao meio geográfico e histórico, ansiando estabilizar a permanência organizacional religiosa espacial.

PAPIRO HARRIS 500 BM 10060 (XVIII DINASTIA EGÍPCIA)

Jônatas Ferreira de Lima Souza — 2024-01-28

PERSPECTIVAS EM TORNO DE UMA CENTRALIZAÇÃO FRANCA DA IGREJA OCIDENTAL

Guilherme Tavares Lopes Balau — 2024-01-28

As perspectivas contemporâneas acerca da relação entre as sedes patriarcais das Igrejas Ocidental e Oriental configuram a cada pesquisa novas óticas de inteligibilidade sobre os sentidos produzidos à época. Este trabalho visa apresentar um movimento deduzível de centralização ocorrido na Igreja Ocidental ao redor do epicentro do Império Carolíngio, entre os séculos VIII e IX. É o objetivo desta apresentação demonstrar como o Império passou a ser um mediador das relações eclesiásticas no período em uma época de acirradas discussões teológicas, como a questão da cláusula filioque. A partir de perspectivas teóricas embasadas na teoria da funcionalidade do poder durante o período e de análise de fontes de Smaragdus de São-Mihiel, missi e intelectual da corte imperial e outros, espera-se demonstrar o impacto na Igreja do Ocidente da presença imperial e como essa configuração secular mudou os rumos da relação entre as sedes patriarcais, preterida pelo favor da coroa imperial.

FORMAÇÃO DA UFSC E INSTAURAÇÃO DE UM SISTEMA COLABORATIVO COM A DITADURA CIVIL-MILITAR

Thomé Martins Figueira — 2024-02-25

A partir do trabalho realizado no Acervo do Instituto Memória e Direitos Humanos da UFSC, que consistiu em medidas de preservação, digitalização e divulgação dos documentos do referido Acervo, decidimos desenvolver uma pesquisa a respeito da formação do Campus Trindade da Universidade Federal de Santa Catarina durante a ditadura civil-militar no Brasil, bem como a atuação do reitor João David Ferreira Lima, no momento em que foi instaurada dentro da Universidade a “Comissão Especial de Inquérito Instaurada”, como parte do Ato Institucional nº 1. Neste sentido, pretendemos investigar de que maneira a Universidade utilizava de seus instrumentos institucionais para colaborar com o regime militar em contato com o Departamento de Ordem Política e Social e com o Serviço Nacional de Informações, para observar, interrogar e caçar docentes e discentes que apresentassem práticas consideradas subversivas ou “comunistas”. A pesquisa está sendo desenvolvida a partir do estudo dos documentos tratados no Acervo a respeito dos temas supracitados e da repressão no interior da Universidade. Como base da análise desenvolvida, utilizamos o Relatório Final da Comissão Memória e Verdade da UFSC (2018). Como resultado, buscamos contribuir para a construção da memória comum a respeito das violações de Direitos Humanos na Universidade durante a Ditadura Militar.

ANÁLISE DAS DIFERENÇAS ENTRE AS IGREJAS ADVENTISTA DO SÉTIMO DIA E CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL

Daniella Garcia de Freitas — 2024-02-25

O presente artigo tem por objetivo apresentar as possíveis estigmatizações do papel feminino e a legitimação da violência contra a mulher em duas igrejas localizadas na região Norte do Paraná, a igreja Adventista do Sétimo dia e a Igreja Congregação Cristã no Brasil. Para realização da pesquisa, foi realizada revisão bibliográfica, observação das celebrações religiosas e entrevistas com mulheres e líderes religiosos das respectivas igrejas, por permitir um contato direto da pesquisadora com os fatos sociais, sendo esta a forma mais viável para se adentrar em um nicho social pouco exposto e explorado. Como resultado, tivemos a confirmação de que alguns pontos doutrinários das menciondas igrejas podem reforçar o estigma do papel da mulher na sociedade e na família e podem ainda contribuir para a perpatração da violência doméstica.

POLÍTICA E RELIGIÃO

Vanessa Carolina Prates Rocha — 2024-03-13

A hipótese em que a reflexão deste artigo se move parte da seguinte consideração: a interferência de valores e crenças religiosas nas relações sociais de homens e mulheres participantes de religiões cristãs possuem íntima relação com a resistência em aceitar o resultado do processo eleitoral brasileiro de 2022. Essa relação motivou e encorajou cristãos a atos antidemocráticos de extrema violência política praticados no dia 08 de Janeiro de 2023. O estudo se deu por meio de análise de literatura sobre Religião e Política. Coleta de dados publicados nas redes sociais, mais precisamente YouTube, Instagram e Twitter. Nosso universo é composto por 276 postagens públicas e separadas apenas uma amostra de 26 que contemplam o objetivo do estudo. O recorte temporal das publicações se deu entre janeiro de 2022 a julho de 2023. Partimos do pressuposto de que fomentar os estudos sobre religião e como se dá a presença e a influência da religião na vida social é fundamental para ampliarmos a concepção de pluralidade, principalmente no que se refere a grupos minoritários que não se baseiam em condutas religiosas. A organização das instituições em um território pode determinar o caráter impresso desta, e para possibilitar uma concepção democrática e pluralista, é fundamental que produções acadêmicas nesse sentido possam colaborar para um modelo de educação que seja capaz de dialogar com isso, comunidades das esferas da convivência humana.

A OGUATÁ E A "BUSCA DA TERRA SEM MALES"

Antonio Hilario Aguilera Urquiza — 2024-03-13

Desde a virada do século XIX para o XX vemos surgir descrições acerca das práticas de mobilidade dos Guarani, caracterizadas por Curt Nimuendajú a partir dos rituais e elementos do profetismo, como “busca da terra sem males”. A partir desses dados, outros estudos antropológicos tornaram-se clássicos, reforçando essa categoria para explicar/compreender que a mobilidade guarani se baseava eminentemente em elementos religiosos. Assim, a partir do diálogo com Nimuendajú, mas sobretudo com Alfred Métraux e Hélène Clastres, queremos com o presente trabalho, fruto de pesquisa bibliográfica, complementada por várias incursões a campo e experiências de orientação de pós-graduação, trazer contribuições mais atuais da própria Antropologia, as quais mostram que essas migrações/mobilidade guarani são fruto de múltiplos fatores. Estudos recentes, sobretudo em regiões da fronteira Brasil/Paraguai, demonstram que a mobilidade responde a uma prática cultural arraigada nas relações entre as parentelas, de reciprocidade, desde as trocas matrimoniais, alimentos, rituais, dentre outros.

A DISSEMINAÇÃO E A LEGITIMAÇÃO DO MACHISMO POR MEIO DO CRISTIANISMO E DO ISLÃ

Ana Karolina Celestino Soares — 2024-03-27

O presente artigo aborda a temática da disseminação do machismo na sociedade e o uso
da religião cristã e islâmica para legitimá-lo. Desde a Antiguidade, a mulher é vista como inferior
ao homem, porque é aquela que nasceu para servir ao homem e procriar. No Brasil, nos dias
atuais, casos de feminicídio crescem e a violência contra a mulher, em algumas situações, é
justificada a partir de algumas passagens da bíblia. No que se refere à religião islâmica, esta segue
preceitos diferentes daqueles propagados no ocidente, mas no que se refere ao papel da mulher
na sociedade aproxima-se do cristianismo. Portanto, temos por objetivo entender como o
cristianismo e o islamismo reforçam e validam a subalternidade da mulher. Por meio da leitura
da Bíblia e do Alcorão, livros sagrados para essas religiões, destacamos algumas passagens,
interpretadas conforme a perspectiva dos líderes religiosos, que justificam e reforçam a ideia de
que a mulher deve ser obediente e subserviente ao marido, já que ele foi escolhido pela autoridade
divina para comandar e direcionar a família. Nesse sentido, pretendemos contribuir para o debate
acerca da força da religião para legitimar e justificar a subalternidade da mulher na sociedade.

GUERRA PSICOLÓGICA E A IMPRENSA FEMINISTA

Lívia Campanheli — 2024-03-27

Este trabalho tem como objetivo investigar o papel da imprensa feminista, especificamente o Jornal
Brasil Mulher em Londrina, durante a ditadura militar no Brasil, destacando a violência da guerra psicológica
imposta pelos ditadores. Utilizando uma abordagem de pesquisa documental analisando os documentos do
Serviço Nacional de Informações (SNI) da Agência de Curitiba, foi possível compreender como o Jornal Brasil
Mulher enfrentou as pressões da censura e da perseguição em um contexto de estratégias de manipulação
psicológica usadas pela ditadura para controlar e influenciar a sociedade paranaense. Este estudo contribuiu para
uma compreensão mais aprofundada da atuação da imprensa feminista como um espaço de resistência,
documentando como a guerra psicológica afetou o jornal e suas estratégias, além de evidenciar o papel das
mulheres nesse contexto. Os resultados indicaram a importância da liberdade de expressão e dos direitos das
mulheres na construção de uma sociedade mais justa, equitativa, igualitária e a promoção de narrativas históricas
que reconheçam o protagonismo feminino.

PESQUISA E EDUCAÇÃO

Guilherme Heerdt Vandresen — 2024-03-27

As pesquisas realizadas pelo projeto “Os documentos inéditos dos arquivos do SNI (Paraná-BR), do projeto Opening the Archives e da CIA (EUA)”, centralizam-se em fontes inéditas sobre o período da Ditadura Militar brasileira, de 1964 a 1985. Para além das contribuições no campo da pesquisa acadêmica, o projeto desenvolve exposições documentais através de produções físicas e audiovisuais e visitas a escolas da região do Norte do Paraná, conectando-o à sociedade em geral. Dessa forma, pretende-se analisar as possibilidades de uso dessas fontes em sala de aula para o desenvolvimento da consciência histórica, em termos rüseneanos. No processo de compreensão do sujeito inserido no tempo, a fonte histórica é essencial, portanto, levá-la a sala de aula e analisá-la em conjunto as bibliografias sobre o tema, torna-se imperativo. Alguns documentos, então, são selecionados e relacionados à realidade da época, especialmente, nos temas da perseguição a determinados grupos considerados subversivos e a criação de uma paranoia pelos agentes da Ditadura; intento voltado, de forma mais específica, ao Serviço Nacional de Informações (SNI), órgão de vigilância, informação e contrainformação do período. O trabalho inicial com as fontes, partindo da análise documental, estende-se então às escolas, com as exposições, permitindo observar os efeitos do contato entre os estudantes e o material; projeta-se, também, desenvolver teoricamente o uso dessas fontes em sala de aula através de aulas-oficinas.

MEMÓRIA E FONTES DOCUMENTAS SOBRE OS CONFLITOS AGRÁFIOS DO NORTE DO PARANÁ: PORECATU (1948-1951)

Natália Gonçalves Andrade — 2024-03-27

Este trabalho debruçou-se sobre as relações estabelecidas entre posseiros envolvidos na Guerrilha de Porecatu e o Partido Comunista Brasileiro (PCB) na ocasião do conflito e como estas estão inseridas no contexto da formação da economia agroindustrial praticada no norte do Paraná. Para tanto foram utilizadas pesquisas de caráter documental, aliadas ao procedimento de levantamento bibliográfico sobre a Guerrilha de Porecatu (1948-1951). A pesquisa documental sobre o conflito agrário ocorreu com fontes retiradas do Relatório Estadual Paranaense da Comissão da Verdade “Teresa Urban” (CEV PR), os quais encontram-se em caráter de domínio público. Os resultados preliminares indicam que o Estado do Paraná interveio de forma a conservar a concentração fundiária, por meio da imposição da violência aos posseiros e trabalhadores da terra; também há indicativos de que as terras em disputa foram fundamentais para a instalação do projeto agroindustrial na região.

JOÃO GOULART SOB O PRISMA DA INTELIGÊNCIA ESTADUNIDENSE

Joao Pedro Pereira e Correia — 2024-03-27

Este trabalho busca entender a perspectiva dos agentes de inteligência estadunidenses em relação ao governo de João Goulart (Jango), o 24º presidente do Brasil, durante o período de 1961 a 1964, com base em documentos desclassificados da Agência Central de Inteligência (CIA) intencionalmente selecionados, disponibilizados pelo programa “Opening The Archives”, da Universidade Brown. Este estudo pretende contribuir para a compreensão da visão da agência central de inteligência em relação a Joao Goulart e seu gabinete, bem como possíveis relações externas. Utilizando de uma abordagem de pesquisa documental, e análise do discurso, a pesquisa também conta com apoio bibliográfico de autores de referência. O governo estadunidense temia movimentos nacionalistas e revolucionários que diminuíssem sua influência na região latino-americana, principalmente após a Revolução Cubana (1959). De acordo com as análises dos agentes estadunidenses, o presidente Jango era identificado como aliado de setores da esquerda brasileira, com proximidade do Partido Comunista Brasileiro, o que era motivo de preocupação e motivava a vigilância constante.