ASPECTOS DO FASCISMO SOB A ÓTICA DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
Resumo
B. F. Skinner (1904-1990) propôs o estudo do comportamento humano entendendo-o como a relação entre organismo e ambiente. O comportamento, nessa perspectiva relacional, também se caracteriza como um lócus de três diferentes histórias - a filogenética, ontogenética e a cultural - histórias que explicam como comportamentos são selecionados e mantidos. Assim, as ferramentas conceituais da Análise do Comportamento contemplam tanto análises individuais quanto grupais, possibilitando a investigação de fenômenos sociais complexos à luz da perspectiva analítico-comportamental. Identificada a escassez de literatura que contemplasse análises comportamentais do Fascismo e a relevância do estudo desse fenômeno social e suas implicações, este projeto de formação complementar buscou investigar aspectos elencados por Paxton (2007) como definidores do Fascismo a fim de explicá-los em termos analítico-comportamentais. Como uma forma de comportamento político, o Fascismo foi marcado por autoritarismo, ideais de pureza étnica, metas de limpeza populacional interna e expansão externa (PAXTON, 2007), tais características indicam que explicações sobre os processos de formação desses ideais, o modo de funcionamento e a manutenção de práticas e ainda a função assumida no contexto, são aspectos relevantes de estudo. Foi utilizado o conceito analítico-comportamental de regra para compreender contingências estabelecidas por governantes fascistas (principalmente Hitler) a partir de leis, do estabelecimento de diretrizes de educação, do controle econômico e da propagação de crenças ideológicas. Também foram discutidos conceitos de ser humano na perspectiva fascista e comportamentalista, e identificados princípios básicos que poderiam explicar comportamentos discriminatórios e violentos e a manutenção desses repertórios.