O DESVELAMENTO DA DIMENSÃO DO IMPOSSÍVEL ATRAVÉS DA ARTE: INTERLOCUÇÕES ENTRE SUBLIMAÇÃO EM PSICANÁLISE E A ARTE CONTEMPORÂNEA DE MARCEL DUCHAMP
Resumo
Em consideração à Coisa (das Ding), objeto real da pulsão, Lacan destaca a sublimação como um destino pulsional imprescindível, o qual revela a estrutura do desejo humano enquanto tal, vez que para além de todo e qualquer objeto de satisfação (sempre parcial) evidencia-se o vazio da Coisa, num desvelamento da impossibilidade de simbolização/gozo total. Dispondo, assim, da assertiva: elevar um objeto à dignidade da Coisa, Lacan elucida como a sublimação aduz à potência criativa em apontar, no campo da representabilidade, ao registro do real: o vazio de das Ding, o resto psíquico não simbolizável. Donde, inclusive dos objetos cotidianos, ordinários, a partir de uma nova forma proposta é possibilitado serem elevados a uma Outra Coisa, fato esse, também explorado pelo artista contemporâneo Marcel Duchamp referindo-se ao exercício criativo artístico como um “aporte”, bem como em sua postura anti-retiniana expressa em seus ready-mades. Desse modo, sobre as construções e o que tenciona-se atingir nessa pesquisa, visa-se uma revisão bibliográfica minuciosa da sublimação em psicanálise e o fazer artístico através do desenvolvimento teórico de Freud e, mormente, de Jacques Lacan; o desdobramento e ratificação da imprescindibilidade da sublimação para o escopo conceitual da psicanálise, bem como, através dela, a possibilidade do fazer artístico em desvelar o registro do real, indicando a dimensão do impossível imanente à pulsionalidade e a radical perda do objeto do desejo humano; além da expansão das interlocuções entre os questionamentos e proposições da arte contemporânea de Marcel Duchamp e a metapsicologia.