As virtudes de Constantino versus os vícios de Maxêncio e Licínio segundo a História Eclesiástica de Eusébio de Cesareia (306-324)
Resumo
Inserido no quarto século romano, um período conturbado de transformações políticas e institucionais, Flávio Valério Constantino (272-337) foi declarado imperator pelas legiões de seu pai, Constâncio Cloro, em 306, na província da Britania. A partir de então, sua trajetória foi marcada por disputas que almejavam ao poder imperial centrado em uma única autoridade. Um importante autor que abordou a política constantiniana foi Eusébio de Cesareia (264/65-339/40), o qual viveu na função episcopal daquela cidade desde aproximadamente o ano de 313 até a sua morte. Tornou-se conhecido sobretudo pelas obras Crônica cristã, História Eclesiástica e Vida de Constantino. O bispo produziu uma descrição a respeito de Constantino, vinculando suas ações político-militares vitoriosas à vontade do Deus judaico-cristão. Neste trabalho analisamos como o autor elaborou argumentos na História Eclesiástica, apontando para a legitimação do poder imperial de Constantino, através da atribuição de virtudes ao governante. Em contrapartida, aos seus oponentes foram reservadas características viciosas por parte do relato eusebiano: Maxêncio (278-312) e Licínio (263-325), “ímpios” e “tiranos”, foram derrotados pelo imperador Constantino, “benevolente” e “piedoso”.