Seminário Internacional de Estudos sobre a Antiguidade e o Medievo

Breves apontamentos sobre gênero suscitados pelas representaÃ§Ãµes femininas na arte etrusca

Nancy Maria Antonieta Braga Bomentre — Qui, 12 Abr 2018 00:00:00 -0300

Sobretudo nas últimas décadas do século XX, vimos um crescimento nos estudos sobre gênero em todos os campos do saber humano, fenômeno motivado pelos grupos que se empenharam, ao longo do referido século, em pleitear mudanças nos ordenamentos da sociedade, aumentando a dimensão da atuação feminina em diferentes espaços sociais. A presente comunicação pretende através da análise de pinturas parietais com representações femininas, encontradas principalmente em tumbas da cidade de Tarquínia, verificar o contexto em relação aos papéis sociais de gênero na Etrúria. Para tanto, utilizaremos tanto as pinturas em si e ainda textos da época que se referem à sociedade etrusca. As fontes primárias referidas aqui são dos autores da Antiguidade, gregos e romanos, que apresentaram seus testemunhos sobre os etruscos, acentuando aspectos dos costumes que causavam estranheza a eles, os estrangeiros. Esta estranheza era causada pela autonomia das mulheres e pelas atividades que estas exerciam fora do ambiente doméstico, local primordialmente feminino. Visamos desta forma, analisar por meio da arte o papel feminino na sociedade etrusca e, assim, contribuir para um melhor entendimento desta cultura que contribuiu de forma maciça para a cultura romana e, consequentemente, para a cultura ocidental.

Olhares sobre o Papel das Mulheres no Cristianismo do Segundo Século

Gabriel Ignácio Garcia — Qui, 12 Abr 2018 00:00:00 -0300

Ao longo do século XX e nos últimos anos, diversos estudiosos se debruçaram no estudo da chamada cultura popular, entre eles, ganharam notoriedade Mikhail Bakhtin e Carlo Ginzburg. A dificuldade no estudo dessa temática aumenta em períodos mais recuados como a Antiguidade em virtude da escassez documental. Tendo isso em vista, o trabalho objetiva analisar dois textos do século II d.C., pensando as visões que foram construídas acerca do papel feminino por integrantes das comunidades cristãs. A primeira fonte, intitulada Atos de Paulo e Tecla, conta a história da jovem Tecla, moça de fé e obstinação que abandonou a família e o noivo na busca de seguir os ensinamentos de Paulo. Além disso, a narrativa propõe uma posição contestadora das mulheres, agindo coletivamente, frente à uma situação de injustiça. O segundo documento, uma carta do apóstolo Paulo endereçada a Timóteo, recomenda ás mulheres uma forma de comportamento, pautada em pudor, modéstia e silêncio. Visões conflitantes, mas que permitem problematizar a construção da identidade cristã e as lutas de representações entre os cristãos nos primeiros séculos. Naquele cristianismo em formação, não somente questões doutrinais estavam em debate, mas também, a delimitação do papel feminino, seu lugar na comunidade e na liturgia.

As virtudes de Constantino versus os vícios de Maxêncio e Licínio segundo a História Eclesiástica de Eusébio de Cesareia (306-324)

Andréia Rosin Caprino — Qui, 12 Abr 2018 00:00:00 -0300

Inserido no quarto século romano, um período conturbado de transformações políticas e institucionais, Flávio Valério Constantino (272-337) foi declarado imperator pelas legiões de seu pai, Constâncio Cloro, em 306, na província da Britania. A partir de então, sua trajetória foi marcada por disputas que almejavam ao poder imperial centrado em uma única autoridade. Um importante autor que abordou a política constantiniana foi Eusébio de Cesareia (264/65-339/40), o qual viveu na função episcopal daquela cidade desde aproximadamente o ano de 313 até a sua morte. Tornou-se conhecido sobretudo pelas obras Crônica cristã, História Eclesiástica e Vida de Constantino. O bispo produziu uma descrição a respeito de Constantino, vinculando suas ações político-militares vitoriosas à vontade do Deus judaico-cristão. Neste trabalho analisamos como o autor elaborou argumentos na História Eclesiástica, apontando para a legitimação do poder imperial de Constantino, através da atribuição de virtudes ao governante. Em contrapartida, aos seus oponentes foram reservadas características viciosas por parte do relato eusebiano: Maxêncio (278-312) e Licínio (263-325), “ímpios” e “tiranos”, foram derrotados pelo imperador Constantino, “benevolente” e “piedoso”.

A Antiguidade nos Objetos Educacionais Digitais

Kauana Candido Romeiro — Qui, 12 Abr 2018 00:00:00 -0300

propomos analisar os objetos educacionais digitais (OEDs) relacionados ao mundo antigo. Os OEDs são imagens, recursos audiovisuais- vídeos e documentários. Estão disponibilizados em DVD-ROM e inseridos nos livros didáticos de História, a partir do edital do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) 2014. Trazemos em destaque três OEDs: “O Templo de Abu”, “Deuses do Olimpo”, “As moradias romanas”. Estes estão presentes na obra “Projeto Araribá” (APOLINÁRIO, 2010). O primeiro apresenta esta construção egípcia, a importância desta e da preservação do patrimônio histórico. O segundo apresenta uma ilustração sobre os deuses gregos. “As Moradias Romanas” apresenta um vídeo com ilustrações de moradias mais simples, e os domi. Utilizamos Pierre Lévy (1999) para refletir sobre esse recurso digital. Funari (2010) para entendermos o destaque para a cultura material. Referenciamo-nos em Lee (2006), Rüsen (2007) e Oliveira (2009) para pensarmos no ensino de história: ter o compromisso com a investigação com a interdisciplinaridade, com fontes históricas, com conhecimento prévio dos alunos, pondo-os em um conflito cognitivo e argumentativo para se aprender história. Encontramos, um material rico sobre a cultura material; traz a mitologia grega (tema querido dos alunos), servindo de reflexão sobre sua representação no imaginário e na mídia atualmente. E, a vida cotidiana romana, questionando nosso olhar para a nossa realidade, nas diferenças entre nossas moradias, relacionando presente e passado.

De Eostre a Easter: ressignificação de um culto pagão na Inglaterra medieval?

Nathany Andrea Wagenheimer Belmaia — Qui, 12 Abr 2018 00:00:00 -0300

No início do século VIII, em De Tempora Ratione, o monge Beda, o Venerável, apresentou uma relação que vinculou o mês de abril do calendário inglês antigo com Eostre, uma provável deusa da primavera, cujo culto teria sido ressignificado pela Páscoa cristã. Devido à falta de outras evidências que atestassem essa adoração, Beda foi por vezes acusado de invenção dessa relação, que criara uma fantasia etimológica em torno de uma influência pagã em uma das maiores festividades do calendário litúrgico da Igreja medieval. No entanto, quais elementos podem ser considerados no estudo dessa asserção de Beda? Com o auxílio da linguística, da relação etimológica com as placas das Matronae Autriahenae e da carta do Papa Gregório I para a missão de Agostinho no sul da Grã-Bretanha em 600 d.C., o intento do presente trabalho é investigar a possibilidade da existência do culto à Eostre e sua ressignificação pela Páscoa cristã na Inglaterra dos séculos VII e VIII.

Táticas e estratégias anglo-saxônicas e franco-normandas na Batalha de Hastings de 1066

Jaime Estevão dos Reis, Lucio Carlos Ferrarese — Qui, 12 Abr 2018 00:00:00 -0300

A Batalha de Hastings do ano de 1066 é considerada um dos marcos para o estabelecimento da identidade da atual Inglaterra, pois transferiu o foco político das relações anglo-saxônicas e dinamarquesas para as relações franco-continentais durante a idade Média Central. A vitória do duque Guilherme da Normandia (c. 1028-1087) contra o Rei Haroldo Godwinson de Wessex (c. 1022-1066), acabou por modificar a sociedade anglo-saxônica para uma nova sociedade anglo-normanda, próxima à religiosidade continental e romana, e atuante na política continental, mudanças essas propiciadas pela materialidade militar. Disputada acerca da sucessão ao trono da Inglaterra anglo-saxônica, a Batalha de Hastings foi decisiva para este conflito, sendo efetivada em campo aberto, algo incomum à prática militar do Ocidente medieval. Este texto busca analisar as táticas e estratégias utilizadas por ambos os lados do conflito, como meio de demonstrar a evolução técnica e militar de seus participantes.

A universidade medieval e suas representações na poesia escolar dos Goliardos (séculos XII-XIII)

Helena Macedo Ribas — Qui, 12 Abr 2018 00:00:00 -0300

O período entre os séculos XII e XIII é marcado na Cristandade latina por uma serie de transformações nas mais diversas camadas da sociedade. Dentre as tendências observáveis podemos citar o impulso institucionalizante que apresenta seus primeiros indícios na reforma gregoriana dentro da Igreja, juntamente com o surgimento das ordens de Cluny, e posteriormente Cister. Dentro desse contexto aparecem as primeiras escolas, e mais tarde as universidades, que surgem como uma resposta à demanda de sistematização do conhecimento. A proposta é que as universidades atuem como um filtro de fiabilidade do saber, que vai de encontro com a necessidade da própria Igreja de estabelecer uma ortodoxia consolidada; para tanto, há a preocupação para que se produza um conhecimento que não vá de encontro com os dogmas da Igreja, e que ao mesmo tempo tenha o uso da razão como foco. Nossa proposta é explorar esse contexto de criação e consolidação das universidades medievais, bem como seus métodos de estudo e conteúdos, para entendermos o contexto no qual se insere a figura do goliardo, douto poeta que transitava por esses espaços e que são o foco do nosso trabalho acadêmico.