O debate da violência contra a mulher no processo e na experiência do parto em Belo Horizonte/MG
Resumo
O presente artigo possui como objetivo geral realizar uma crítica ao fenômeno da violência obstétrica no parto da mulher, analisando falas de quatro parturientes na última década na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Para alcançar o objetivo proposto, foi realizada revisão da literatura a respeito do tema, utilizando não somente livros, pesquisas e artigos da área, mas também casos relatados em redes sociais, notícias divulgadas na mídia digital, impressa e televisiva. Ao apresentar o objetivo deste projeto, tem-se em mente que a melhor maneira de se interpretar a narrativa e os sentidos atribuídos à prática de violência obstétrica por mulheres, se dá através do método de pesquisa qualitativa. De acordo com Minayo (2001), “a pesquisa qualitativa pode responder a questões muito particulares, se preocupando com um nível de realidade que não pode ser quantificado” (Minayo, 2001. P.22). Por isso, realizei entrevistas semi-estruturadas direcionadas para quatro mulheres que experimentaram o parto de 2008 a 2018, buscando identificar relatos condizentes com a definição da violência obstétrica. A violência obstétrica durante a gestação e parto podem ser caracterizadas por: negação do atendimento à mulher, comentários humilhantes a mulher no que diz respeito a sua cor, idade, religião, escolaridade, classe social, estado civil, orientação sexual, número de filhos; palavras ofensivas até mesmo a sua família; humilha-la; agendar cesárea sem recomendação baseadas em evidencias cientificas, atendendo as necessidades e interesse do próprio médico. (Dossiê Rede de Parto do Princípio, 2012). Procurei diferenciar as entrevistadas por classe social, raça/etnia, idade das parturientes no momento do parto. A busca por essas mulheres envolveu contato com a minha rede social, indicação de conhecidos, colegas e amigos. Resultados: Percebi nas falas das entrevistadas uma fragilidade entre o vínculo do profissional de saúde e a mulher em situação de parto nos hospitais públicos aos quais as entrevistadas passaram. Já a experiência relatada em acompanhamento particular foi respeitosa e acolhedora com a entrevistada. As falas dessas mulheres exibem uma banalização da dor e do sofrimento alheios, falta de atenção e cuidados, omissão de informação e equívocos médicos pelos profissionais de saúde e as atenderam.