A função protetiva das famílias e a responsabilização das mulheres-mães: um estudo sobre a matricialidade sociofamiliar na Política de Assistência Social
Resumo
Este trabalho é desenvolvido a partir de pesquisa realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no município de Porto Alegre. É pensado na interface entre Psicologia e Assistência Social e focalizado na Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Tem por objetivo analisar, a partir de documentos da Política Nacional de Assistência Social, como aparece o conceito de matricialidade sociofamiliar, investigando o que se entende por práticas de proteção e de cuidado, analisando suas possíveis implicações em relação ao gênero, mais especificamente a responsabilização pelo cuidado e proteção das/os filhas/os e o papel das mulheres neste cenário. Além disso, são utilizadas referências teóricas de autoras e autores que dialogam com estudos de Gênero e de Políticas Públicas. O trabalho social com as famílias aparece nos documentos associado aos cuidados parentais e centralidade da maternidade enquanto fator de proteção para crianças e adolescentes – o que nos leva a apontar para um processo de feminização da política de Assistência Social. Em paralelo, problematizamos o trabalho da Psicologia que enquanto campo de construção de saberes se apropria do conceito de família por diferentes vieses de estudo que tendem a normatizar e a regular práticas de cuidado. Na inquietação dessa temática, abre-se espaço para pesquisa em Psicologia Social, perguntando como essa pode contribuir em outros entendimentos possíveis, com práticas que não acabem por normatizar e regular modos de vida: o que pode a Psicologia Social no campo de produção de saberes no trabalho com as famílias, no objetivo de construir outros entendimentos e outras possibilidades?