Reivindicação dos direitos humanos e oposição ao racismo no conto “Metamorfose”, de Geni Guimarães
Resumo
Tecido a partir das ocorrências da infância, o fio narrativo do conto “Metamorfose”, de Geni Guimarães, verte-se da memória. A voz/escrita questiona a história oficial a respeito da escravatura e da condição do sujeito negro, numa sociedade movida por manifestações racistas que em muitas situações se apresentam de forma sutil e dissimulada, por isso, desconsideradas como práticas preconceituosas. O racismo fere, sobremaneira, a população negra, causa-lhe transtornos, dificulta-lhe a integração social. Centrando nessa proposição, o presente artigo objetiva analisar, a partir das lembranças elaboradas pela protagonista - uma menina na fase escolar do ensino fundamental que pelas pistas textuais parece cursar a terceira série, possivelmente, conta com a idade de 10 anos - a reflexão autoral sobre a valorização cultural, a ressifignificação identitária dos sujeitos descendentes dos povos africanos. Atentar-se-á à construção da palavra, pelos mecanismos da memória/voz/escrita, instrumento utilizado pela escritora afrodescendente para exteriorizar, artisticamente, o entendimento do que é ser negro numa sociedade excludente e discriminatória. Assim, ao examinar a narrativa, pretende-se compreender a reelaboração da identidade individual e coletiva, visto que a reinvenção da diferença outorga-se na escrita literária de uma mulher negra, definida pelo caráter revolucionário e político, portanto. Sob essas orientações, aspira-se que as formulações discutidas alcancem professores, pesquisadores, alunos, comunidade, e que o intercâmbio favoreça a discussão, o enfrentamento a qualquer forma de negação do outro, no reconhecimento e valorização de diversas culturas constituintes da sociedade brasileira.