Da luta à espera: relações de cuidado entre acompanhantes de doentes de câncer
Resumo
Neste trabalho, tomo o encargo de apresentar o andamento de minha pesquisa de mestrado, que tem se desdobrado no pátio do Hospital Erasto Gaertner, também conhecido como “hospital do câncer”, em Curitiba. De modo específico, objetivo analisar o sentido de cuidado que as pessoas envolvidas constroem em situações de acompanhamento de familiares com câncer e como elas se percebem e percebem o outro que é cuidado. Objetivo, ainda, observar se nos relatos das cuidadoras em contexto de câncer podem ser identificados
desafios específicos para o cuidado relativos à habilidades, técnicas, valores, políticas, entre outros. E, por fim, problematizar a gendrificação da prática do cuidado. Para atingir este propósito, recorro à metodologia qualitativa e a técnicas como a aplicação de entrevistas semi-estruturadas e a observação participante. Curiosamente, longe de ser uma prática valorada, responsável pela manutenção de corpos e meio ambiente, como sugerido por Tronto e Fisher (1990), o cuidado é percebido como da esfera das emoções, do feminino, do privado. De fato, as mulheres compõem um número expressivo no universo de acompanhantes/cuidadores de doentes de câncer. Suas rotinas são reorganizadas para que consigam oferecer auxílio àqueles que, agora, experienciam a vida sob o viés da doença. Ademais, suas narrativas revelam percepções ambivalentes no que tange à vivência do cuidado.