Geografia Esquecidas:

a discussão socioterritorial na revolta da vacina

  • Osmar Fabiano de Souza Filho Universidade Estadual de Londrina
  • Giovana Silva Rocha
Palavras-chave: Território; Movimento popular; Indignação popular

Resumo

Este artigo é resultado de uma investigação que tem como objetivo central discutir o movimento socioterritorial concebido com a Revolta da Vacina, ocorrido na cidade do Rio de Janeiro em 1904, e como o mesmo se materializou no território da capital fluminense, sendo um movimento de resistência no/pelo território. Entende-se que muitas vezes a ciência geográfica negligencia a constante luta de sujeitos e movimentos que também se fazem importantes social e geograficamente. Desta maneira, o trabalho se propõe a recuperar geografias ignoradas e trazer às abordagens geográficas discussões acerca de movimentos e povos historicamente marginalizados pelas historiografias oficiais. Parte-se do princípio de algumas agitações, que fizeram parte do Rio de Janeiro e do início do Brasil República, como greves, motins e revoltas, afetavam de modo significativo a organização da cidade, e outras interferências no território que influenciavam diretamente toda a população carioca e vieram a culminar num movimento de luta pelo território. A Revolta Vacina surge então neste contexto de indignação social que acometia a sociedade, sobretudo a marginalizada, diante de medidas impostas autoritariamente pelas elites nacionais. Esse movimento, de caráter popular, parte da exaltação do povo negro diante a vacinação compulsória, mas, para além disso, se mostrava contrário também às diversas medidas aplicadas pelo governo que visavam sua exclusão da vida em sociedade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

CARVALHO, J. M. de. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. Editora Companhia das Letras: São Paulo, 1987.
CARVALHO, D. de. História da cidade do Rio de Janeiro. Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e Esporte: Rio de Janeiro, 1990.
CHOMSKY, N. Quem manda no mundo?. Editora Planeta do Brasil, 2017.
DA SILVA, M. P. O processo de urbanização carioca na 1ª República do Brasil no século XX: uma análise do processo de segregação social. Estação Científica (UNIFAP), v. 8, n. 1, p. 47-56, 2018.
FERNANDES, B. M. Movimentos socioterritoriais e movimentos socioespaciais: contribuição teórica para uma leitura geográfica dos movimentos sociais. Revista Nera, n. 6, p. 24-34, 2012.
FRAGA, N. C. Geografias de tempos de dominação e barbárie: os movimentos socioterritoriais e as escolhas geográficas que negligenciam a formação territorial do Brasil. A Dimensão política no espaço: conflitos e desigualdades territoriais na sociedade contemporânea. Organizadores: Flávio Dutra Alves... [et. al.]. Alfenas – MG: Editora Universidade Federal de Alfenas, p. 84-114, 2019.
HAESBAERT, R. Território e Multiterritorialidade: um debate. In: GEOgrafia. n. 17, Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2007.
HAESBAERT, R. Território e região numa “constelação” de conceitos. In: MENDONÇA, F. A.; LOWEN-SAHR, C. L.; SILVA, M. da. (orgs.). Espaço e tempo: complexidade e desafios do pensar e do fazer geográfico. Curitiba: ADEMADAM, 2009.
MARINO, L. F. As forças policiais e o ordenamento territorial da cidade do Rio de Janeiro. Niterói [s.n.], 2004.
Publicado
2021-02-17
Como Citar
FILHO, O. F.; ROCHA, G. Geografia Esquecidas:. Congresso Brasileiro da Guerra do Contestado; Colóquio de Geografias Territoriais Paranaenses e Semana de Geografia da UEL, v. 2, p. 393-408, 17 fev. 2021.