A arte no cuidado de pacientes com deficiência intelecutal
uma experiência em Lima, Peru
Resumo
O trabalho apresentado visa evidenciar o papel, a importância e o campo de atuação da arte no cuidado integral com pacientes em situação de vulnerabilidade, mais especificamente de abandono, com diversos níveis de distúrbios interferentes nas capacidades intelectuais. Com base nesse objetivo, foi desenvolvido um trabalho no caráter de voluntariado, através do intercâmbio oferecido pela AIESEC, em Lima, capital do Peru, em que foram reunidos onze jovens, dez brasileiros e um argentino, que atuaram em um centro de atenção residencial (CAR), chamado Renacer. Nesse centro, residiam 120 pessoas com diversos tipos de prejuízos intelectuais: síndrome de Down, esquizofrenia, malformações neuronais congênitas de variados níveis, entre outros. As ferramentas de atuação que os voluntários dispunham eram, além da conversa, da escuta, da interação interpessoal e do entretenimento físico, sobretudo, a arte em suas diversas apresentações – pintura em tela, em papel, artesanato, dança, leitura -, como recursos de cuidado e de assistência, em auxílio aos profissionais da saúde que lá trabalhavam. Dessa maneira, era dada aos residentes-pacientes a possibilidade de extravasar o cotidiano de regras, de horários, de medicamentos e de tempo livre forçado a partir dos trabalhos artísticos, assistidos sempre com um voluntário ou um trabalhador do CAR, mantendo, contudo, a maior autonomia possível desses pacientes nesses momentos. Observava-se, com tais atividades, a melhora no humor, na disposição e na cognição geral dos pacientes, fatores fundamentais no cotidiano do cuidado integral, facilitando sobremaneira o trabalho dos profissionais de saúde e também uma ativa contribuição para a saúde dos residentes. Assim, foi possível concluir que a arte tem um papel fundamental no cuidado integralizante dos pacientes, ademais aqueles com disfunções intelectuais, oferecendo-lhes uma oportunidade de expandir o cotidiano atravessado de limitações, evidenciando suas capacidades ao invés das incapacidades e incentivando-os a buscar a própria saúde, postura comprovadamente necessária para um tratamento bem-sucedido.
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