A perda da identidade do paciente sob olhar de um clown hospitalizado
Resumo
Todo ser humano tem necessidades bio-psico-sociais que se complementam para uma melhoria de vida. Essas necessidades mudam com o tempo. E quando se está hospitalizado, o sujeito é retirado de suas posições e colocado na de paciente, no qual ele tem regras que o identificam dessa maneira. Estive hospitalizada por duas semanas, nas quais perdi o direito de escolher, tinha hora pra tomar banho, acordar, comer, tomar remédios, sem que eu escolhesse nenhuma delas, eram todas do hospital. Foi um momento de perda de identidade, na qual, fui retirada de tudo que era meu - no hospital se usa o pijama deles, a coberta, o travesseiro e até o sabonete. Você tem o cheiro dele, a identidade dele, paciente. Nesses dias em que você está à mercê das escolhas dos outros, tudo que você faz é esperar, a próxima medicação, o próximo médico ou enfermeiro que vai fazer perguntas que são sobre você, mas nenhuma delas é feita à você, porque você é invisível, você sem identidade é ninguém, você nem está ali, quem está ali é uma doença sem nome. Nesses momentos fui apagada, fui invisível, gostaria de ter alguém com uma lanterna - ou com um nariz - pra me iluminar, minha identidade se perdeu e eu fui uma doença, mais uma no meio de tantas. Durante esse tempo, o que mais desejei, foi ver uma cor que não fosse do meu sangue sendo colhido. Meu clown me fez ver as coisas por outro ângulo, vi como paciente com dor, mas também pude ver como trabalhador cansado e sem paciência depois de um plantão longo. Essa experiência me fez ver que eu e o meu parceiro temos que juntar nossas luzes e iluminar o paciente, que quem recebe ali sou eu, Invocada, eu escuto, recebo o não, sinto as emoções, e talvez um no fim receba um sorriso. E eu Joyce recebo a sensibilidade.
Downloads
Copyright (c) 2018 Simpósio de Humanização em Saúde
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.