Arteterapia como reabilitação psicossocial e inclusão social de dependentes químicas apenadas

  • Renata Portero Wielganczuk Universidade Estadual de Londrina
  • Leticia Mendes Guadaim Universidade Estadual de Londrina
  • Marcos Hirata Soares Universidade Estadual de Londrina
Palavras-chave: saúde mental, dependência química, reabilitação psicossocial, arteterapia, direitos humanos

Resumo

O uso de substâncias psicoativas está cada vez mais presente no cotidiano da sociedade em que vivemos. Tal fenômeno causa estigmas, dificuldades de inclusão social que resultam em pouco acesso aos recursos sociais e de saúde, que influenciam intimamente a vida do indivíduo, o envolvimento familiar e social, principalmente na vida das mulheres encarceradas. Assim, o objetivo do trabalho é relatar as experiências vividas por estudantes de Enfermagem que favorecem a reabilitação psicossocial e inclusão social das apenadas. Considerando esse processo, para promover uma melhor qualidade de vida a usuárias privadas de liberdade, foi desenvolvido o projeto Inclusão Social e Reabilitação Psicossocial de Dependentes Químicos, vinculado à Universidade Estadual de Londrina, que acontece no 3º Distrito de Policia Civil. Este projeto conta com um trabalho multiprofissional nas áreas de enfermagem, psicologia e direito, uma assistente social e uma professora arteterapeuta de mosaico. São realizadas oficinas semanais de arteterapia, em especial o mosaico, visitas domiciliares às famílias e ofertada assessoria jurídica. Ao início e término das atividades do projeto são propostas a aplicação de instrumentos para avaliar a satisfação com o suporte social, otimismo, autoestima e consumo de substâncias psicoativas, buscando avaliar indicadores que sugeririam melhoras para os sujeitos. Nesse sentido, o projeto propicia a partir do mosaico, um local para reflexão das próprias vivências, um meio de expressão e materialização de sentimentos, como canal de resolução de conflitos internos e externos, promovendo autoconhecimento, desenvolvimento de habilidades, oferecendo oportunidade de aprendizagem artística com fins terapêuticos e podendo servir como geração de renda. Também há trocas verbais que possibilitam uma reflexão, sendo possível ouvir relatos de planejamentos futuros como, arrumar um emprego e procurar reabilitação. Esta experiência proporcionou um aprendizado de escuta, empatia e permitiu um sentimento de esperança onde é possível contribuir com o processo de reintegração. Foi permitido também ter um olhar diferente sobre a realidade vivenciada por cada uma e assimilar a caminhada que as levou a ser aprisionada. E assim, fica notório o impacto do projeto em ambas as partes, exemplificando o quanto a arte como uma ponte contribuiu para o processo de terapia.

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Publicado
2018-11-08