O Consultório na Rua e o acolhimento em saúde

  • Afrânnia Hemanuelly Castanho Duarte Universidade Estadual de Londrina
Palavras-chave: Consultório na Rua, acolhimento, Sistema Único de Saúde, arte

Resumo

Em tempos de retrocesso frente ao desmonte das políticas públicas, a atual conjuntura política, econômica e social do país, remete pensarmos quais metodologias e diretrizes tem fundamentado o trabalho das equipes no Sistema Único de Saúde, a partir de um olhar totalizante da realidade. Para isso apresentaremos aqui alguns resultados da nossa pesquisa de mestrado, acerca da construção do acolhimento realizado pelo Consultório na Rua (CnaR) em Porto Alegre. Como serviço integrante da Rede de Atenção Psicossocial, o CnaR desenvolve ações em saúde à população em situação de rua in loco, de forma itinerante e compartilhada com a rede intersetorial. Através das entrevistas semi-estruturadas, foi possível afirmar que a concepção do acolhimento para os trabalhadores (as) é entrelaçada por estratégias do cuidado, que visam garantir o acesso dessa população à rede de serviços. Essas estratégias são emaranhadas com a busca ativa, abordagem, escuta, acolhida, vínculo, confiança, sensibilidade e persistência. Para os usuários a concepção não perpassa tanto pela aplicabilidade e construção do acolhimento como para os trabalhadores (as), mas transcorre pela percepção e sentido de quem recebe esse cuidado, e de como essa equipe chega até eles. Vinculada à Pós-graduação em Serviço Social e Política Social na UEL, pretendemos na pesquisa de doutorado analisar experiências do CnaR que apresentam a arte como estratégia metodológica do trabalho. A materialidade do encontro entre trabalhador (a) e usuário (a) no espaço da rua, perpassa pelas determinações sociais da realidade, desde as necessidades básicas e imediatas, até as ações preventivas que buscam construir projetos de vida. Considerando que a arte tem sido um elemento importante neste trabalho, acreditamos que é preciso articula-la em sua dimensão da vida humana. Com o intuito de não reduzir a dimensão política da arte e fazer a recusa desta, como puro entretenimento, defendemos seu uso de forma que permita os sujeitos se enxergarem enquanto possíveis criadores artísticos. Percebendo o quanto isso pode favorecer reflexões críticas e debates entre os sujeitos sobre suas compreensões da realidade, considerando os estigmas que marcam a população em situação de rua por múltiplos condicionantes, seja pela exclusão social e pela deslegitimação dos direitos sociais. 

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Publicado
2018-11-08