A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA COMO ALERTA DA NECESSIDADE DE HUMANIZAÇÃO E MOVIMENTOS FEMINISTAS NA SAÚDE
Resumo
Resumo: A violência obstétrica engloba atos e práticas desnecessários e desumanizados na assistência ao parto e pós-parto, caracterizada pelo cuidado obstétrico. A natureza desse cuidado é posta em questão quando 25% das mulheres que tiveram partos naturais sofreram violações. Além de constituir violência institucional e de gênero, por tirar a voz da mulher sobre seu próprio corpo numa prática frequente nas instituições; desrespeita o direito ao atendimento humanizado, o que a torna um grave problema de saúde pública. O objetivo desse resumo foi, através de uma pesquisa bibliográfica, discutir a violência obstétrica como resultado do machismo e desumanização nas instituições de saúde. As primeiras políticas nacionais de saúde da mulher datam do século XX e assistiam somente gravidez e parto. Desde então, a ação feminista luta pelo cuidado integral à saúde da mulher, para tornar possível seu direito de reproduzir ou não e receber atenção adequada independente de sua escolha. O movimento pela humanização do parto, contudo, cresceu somente nos anos 80, impulsionado por profissionais da saúde e o feminismo; responsáveis pela problematização de atos desumanizados e consequente adoção do termo “violência obstétrica” entre 2007 e 2010, para só então ser admitido pelas pesquisas nacionais. Apesar da problematização tardia, relatos de mulheres que, em busca de seu direito à saúde, sofrem violações e discriminação, não são novos. O machismo estrutural invisibiliza estes atos através de sua naturalização e da aceitação da vítima frente à impotência sentida. Trocas de experiências entre mulheres, o entendimento da necessidade de participação política e emancipação e a noção do cunho violento da assistência dada, propiciados nos movimentos feministas, fortalecem as reinvindicações pelo direito feminino à saúde e ao cuidado humanizado e permitem às mulheres exigir mudanças no modo como são tratadas. Assim, uma estratégia de promoção da saúde da mulher é a sua emancipação; uma vez que a efetividade da humanização demanda reflexão sobre condutas inadequadas de imposição de decisões e opiniões sobre o corpo feminino. A humanização, ao contar com movimentos sociais que a fiscalizem e denunciem sua ausência, garante o atendimento digno da mulher e de todos e o real alcance de seus direitos.
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