DE PACIENTE A CONTA-DOR E DE CONTADOR DE HISTÓRIAS A ESCUTA-DOR: UMA METAMORFOSE PELA ARTE

  • Isabela Bendine Gastaldi Universidade Estadual de Londrina
  • Mariana Bendine Gastaldi Universidade Estadual de Londrina
Palavras-chave: Humanização, Contação de Histórias, Saúde

Resumo

Resumo: A experiência de internação no hospital, para além do que se sabe objetivamente sobre ela – vulnerabilidade, fragilidade, rotina de cuidados, entre outros –, é vivenciada de forma única por cada sujeito que se encontra na condição de paciente. O processo saúde-doença pode trazer à tona diferentes aspectos da subjetividade do paciente e muitas vezes o contexto que o envolve não está preparado para receber e acolher o que surge nesse percurso de adoecimento e tratamento. No projeto Sensibilizarte, composto por estudantes de diversos cursos da área da saúde, a equipe de Contação de Histórias faz entradas nas unidades: masculina, feminina, pediatria, maternidade e pronto socorro, do Hospital Universitário da Universidade Estadual de Londrina. A princípio, o roteiro dessas entradas consiste na apresentação de histórias pré-selecionadas. Contudo, ao nos depararmos com cada paciente e ao observarmos como esses se encontram, esse roteiro dá lugar a novas possibilidades, sendo cada uma delas única, visto que resultam da individualidade do paciente e do contador. Em muitas dessas entradas, a história preparada foi substituída pela própria história do paciente, que viu naquele momento e na pessoa do contador uma oportunidade de falar – e ser ouvido – sobre aquilo que a experiência de internação calou, em virtude de que, muitas vezes, o ambiente hospitalar convida o sujeito a falar somente sobre os seus sintomas, deixando à margem seus sentimentos, subjetividade e história de vida. É importante ressaltar que esse ambiente hospitalar é composto por profissionais da saúde que nem sempre se encontram preparados para sustentar essa demanda que está para além do corpo doente. Esse despreparo pode se dar devido às condições insalubres de trabalho, cargas horárias excessivas ou até mesmo à lacuna na formação desses profissionais no que diz respeito à humanização. Nesse sentido, a experiência proporcionada pelo projeto atua como potente instrumento de capacitação dos futuros profissionais da saúde. Foi tal capacitação que permitiu a inversão de papéis nesse cenário, de maneira que o paciente, ao falar sobre sua experiência subjetiva, dá início a um processo de metamorfose nessa relação: a do paciente em conta-dor e a do contador em escuta-dor.

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Publicado
2019-07-26